Descolonização da África

  • Imperialismo sobre a África 
  • Pan-africanismo e o movimento da negritude
  • Ex-colônias britânicas: África do Sul, Egito, Gana, Nigéria e Quênia
  • Ex-colônias francesas: Guiné, Senegal, Congo e Argélia 
  • Ex-colônia belga: Congo/Zaire 
  • A Etiópia independente

IMPERIALISMO SOBRE A ÁFRICA  
    Abaixo um mapa da África na primeira metade do século XX, quando vários países europeus dominavam várias áreas do continente.  
Partilha da África - História - InfoEscola
Mapa da África no início do século XX.
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PAN-AFRICANISMO E O MOVIMENTO DA NEGRITUDE
    Movimentos de resistência contra a colonização existiram durante todo o período de dominação europeia sobre a África. No século XX, a luta anticolonial baseou-se inicialmente no movimento do pan-africanismo que tem origem nas Antilhas e nos EUA, com teóricos como Alexander Crummel, Edward W. Blynden, William Du Bois e Marcus Garvey que defendeu a imagem da Mãe-África.
Bandeira pan-africana da UNIA - Associação Universal para o Progresso Negro fundada por Garvey na Jamaica em 1914.
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    Foi a partir de V Congresso Pan-Africano de Manchester realizado em 1945, no Reino Unido que o pan-africanismo se expandiu para intelectuais, estudantes africanos e sindicalistas, o grupo além de entender a teoria buscou resoluções práticas para uma organização popular africana para a independência.
Symposium to celebrate the 75th anniversary of the 5th Pan-African Congress  in Manchester - Global Development Institute Blog
Participantes do V Congresso Pan-Africano realizado em Manchester, Inglaterra, Reino Unido.
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    Na África dominada pelos franceses, surgiu o movimento conhecido como negritude, organizados por estudantes negros Leopold Senghor (Senegal), Aimé Césaire (Martinica) e Léon Damas (Guiana Francesa). O movimento afirmava o orgulho da identidade negra, negando a cultura europeia e se voltando também contra a dominação capitalista, assim politicamente dialogaram com ideais e movimentos de independência com inspiração socialista.
Definição de negritude – Meu Dicionário
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EX-COLÔNIAS BRITÂNICAS: ÁFRICA DO SUL, EGITO, GANA NIGÉRIA E QUÊNIA
    A independência do Egito ocorreu em 1922, sob tutela britânica, o que já trabalhamos na aula sobre Oriente Médio. Na África do Sul já tinha grande autonomia desde 1910, retomaremos mais adiante, especificamente na aula também sobre o Apartheid.
Intimate black-and-white photos reveal moment World War One troops arrive  home to escape horrors of the trenches for a few days' break
Militares britânicos durante a Primeira Guerra Mundial no Egito.
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    O líder ganês Kwame Nkrumah participou do congresso pan-africano, sendo atribuído a ele o grito “A África para os africanos!”, defendendo uma África livre e unida. Com a declaração de independência de Gana em 1957, Kwame Nkrumah tornou-se chefe de governo e o primeiro presidente de seu país, governando de 1960 até 1966, quando foi deposto.
Kwame Nkrumah Pictures And Photos | African royalty, African history, Black  history facts
Kwame Nkrumah, presidente de Gana.

Bandeira da República do Gana.
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    Na Nigéria, um dos países  mais populosos da África, a independência ocorreu em 1960, por um ato de reconhecimento por parte dos britânicos, formando-se a Federação da Nigéria tendo como chefe de Estado a rainha Elizabeth II representado na capital Lagos, pelo líder nigeriano Nnamdi Azikiwe, existindo ainda o chefe de governo (primeiro-ministro).
Nnamdi Azikwe
Nnamdi Azikiwe, governador-geral e primeiro presidente da Nigéria.

Bandeira da Nigéria.
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    Em 1963, foi proclamada a República Federal da Nigéria estabelecendo total independência do nascente país, tendo como primeiro presidente Nnamdi Azikiwe que permaneceu no cargo até 1966, quando foi deposto por um golpe militar. Ainda no mesmo ano, um segundo golpe de Estado levou ao poder outro militar, Yakubu Gowon que foi presidente de 1966 até 1975, quando também foi deposto por um outro movimento golpista.
General Yakubu Gowon presidente nigeriano de 1966 até 1975, consequentemente durante a Guerra da Biafra.

    O país sofreu durante grande parte de sua história com disputas entre militares das etnias ibo, haussás e iorubás, chegando até enfrentar o movimento separatista na região da Biafra, levando a Guerra da Biafra (1967-1970) no final do conflito o governo nigeriano conseguiu retomar a região e conquistar a capital da Biafra, assim a região separatista foi reincorporada a Nigéria.
Mapa da Nigéria, com destaque da região da Biafra, no final o movimento de independência da região foi derrotado.
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     Na colônia britânica do Quênia, ocorre entre 1952 até 1960 uma grande revolta do povo kikuyu com objetivo de expulsar os colonizadores britânicos, a revolta ficou conhecida como Revolta dos Mau-Mau, o resultado do conflito foi um massacre, estimativas revelam em torno de 100 mil mortos durante a revolta.
Britain to compensate Kenyan veterans of Mau Mau uprising | News | DW |  06.06.2013
Campo de detenção britânico no Quênia para guerrilheiros da Revolta dos Mau-Mau.
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     Um dos líderes pan-africanos, o queniano Jomo Kenyatta chegou a ser preso no período, apesar de defender a independência do Quênia por via pacífica. Sob pressão dos grupos nacionalistas ele foi libertado e passou a ser o liderar o processo de independência declarada em 1963, no ano seguinte proclamou-se a República do Quênia sob a liderança do presidente Jomo Kenyatta que governou até 1978.
Jomo Kenyatta Mau Mau: Kenyan Leader Arrested on This Day
Jomo Kenyatta presidente do Quênia de 1964-1978. 

Bandeira da República do Quênia
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EX-COLÔNIAS FRANCESAS: GUINÉ, SENEGAL, CONGO E ARGÉLIA    
    Na colônia francesa da Guiné, destacou-se Ahmed Sékou Touré, ele liderou a campanha no plebiscito pela autonomia total, com a vitória no pleito foi declarada a independência da Guiné e Sékou Touré foi eleito presidente da Guiné, ocupando o cargo de 1958 até 1984, ele instalou um governo alinhado ao bloco comunista.
Presidente da Guiné Ahmed Sékou Touré.

Bandeira da República da Guiné.
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    No Senegal, após a vitória pela autonomia no plebiscito em 1958, o Senegal participou de uma federação juntamente com o Mali. Mas em 1960, ocorrem disputas políticas e militares que levam a separação, o Senegal declara a independência tendo como presidente o líder senegalês Léopold Sédar Senghor que governou o país de 1960 até 1980, inspirado nos ideais do socialismo africano. 
Léopold Sédar Senghor presidente do Senegal.

Bandeira da República do Senegal.
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   No Congo se destacou o movimento nacionalista UDDIA - União Democrática pela Defesa dos Interesses Africanos liderada pelo padre nacionalista congolês Fulbert Youlou que gradativamente chegou a chefia do governo e depois com a declaração de independência em 1960, Youlou tornou-se presidente da nova República do Congo, até ser deposto em 1963.
Presidente congolês Fulbert Youlou (esq) ao lado do presidente francês Chales de Gaulle.

Bandeira da República do Congo, chamado por vezes de Congo-Brazzaville.

    Depois de certa instabilidade política, em 1969 um golpe de Estado organizado por militares de esquerda, leva ao poder Marien Ngouabi que proclama oficialmente o primeiro país comunista da África, a República Popular do Congo mantendo relações próximas a União Soviética e a França, Ngouabi governa até 1977, quando sofre uma tentativa de golpe de Estado, ele acaba falecendo, mas o regime comunista permanece até 1992, quando reformas na tentativa de democratizar o país ocorrem.
Selo postal do Congo, homenageando o presidente morto Marien Ngouabi.

Bandeira da República Popular do Congo (1969-1991).
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    A Argélia era a mais importante colônia francesa, representando 60% da produção agrícola da França e uma grande produtora de petróleo. Entre os habitantes, os franceses representavam apenas 10% e subjugavam o restante que eram árabes-berberes. Em 1954, iniciavam uma série de atentados marcando o início da luta armada pela independência da Argélia (Revolução Argelina).
Tropas revolucionárias do Exército de Libertação Nacional, braço armado do grupo político nacionalista argelino FLN.
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    A Guerra de Independência Argelina (1954-1962) foi marcada por massacres e ataques a bombas em centros urbanos, o principal grupo nacionalista argelino, foi a FLN – Frente de Libertação Nacional de inspiração socialista e pan-árabe liderada por Ahmed Ben Bella. 
Casa que servia como esconderijo para líderes da FLN, acabou destruída durante a Batalha de Argel (1957).

Principais lideranças da FLN presos na França, da esquerda para direita: Mohamed Khider, Mostefa Lacheraf, Hocine Aït Ahmed, Mohamed Boudiaf e Ahmed Ben Bella.

    Após longos anos de conflito e impasses, o presidente francês Charles de Gaulle determina um referendo em 1961 para decidir sobre a autonomia da Argélia, tanto a votação na França e também na Argélia foram maciçamente favoráveis a autodeterminação dos argelinos, assim o governo francês iniciou as tratativas para a concessão da independência do país africano.
Jornal francês Le Monde dando destaque ao resultado do referendo.

    Os acordos entre a FLN e o governo francês, além de um plebiscito definiram a independência da Argélia em 1962, e  nas primeiras eleições argelinas, foi eleito presidente Ahmed Ben Bella da FLN. O novo país passa a ser governado por um partido único, um regime autoritário sob comando da FLN - Frente de Libertação Nacional. 
Bandeira da República Argelina Democrática e Popular

Presidente argelino Ahmed Ben Bella de 1962 até 1965.

    Em 1965, Ben Bella sofre um golpe de Estado, de seu ex-ministro da Defesa Houari Boumédiène governa o país  até 1978, ele adota um política socialista mais intensa nacionalizando empresas estrangeiras, apoiando movimento de independências e socialistas pela África e movimentos pan-árabes, tornando-se até secretário-geral do Movimento dos Países Não-Alinhados de 1973 até 1976. 
Presidente argelino Houari Boumédiène (esq) e a direita o presidente francês Valéry Giscard d'Estaing. 

    Em 1991 são realizadas reformas, realizando a primeira eleição parlamentar multipartidária, quem acaba sendo vencedor do pleito foi um novo partido de orientação islâmica, o FIS - Frente Islâmica de Salvação, mas membros das Forças Armadas e da FLN promoveram um golpe de Estado em 1991, o que levou a Guerra Civil Argelina que somente terminou em 2002.
Tropas do Exército argelino durante do Golpe Militar de 1991.
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 EX-COLÔNIA BELGA: CONGO/ZAIRE    
    O Congo Belga era uma importante colônia na região central da África, sofrendo uma grande exploração dos colonizadores, sendo uma região com várias riquezas agrícolas e minerais. Em 1960 é declarada a independência da República do Congo com capital em Léopoldville, o novo país também era conhecido como Congo-Léopoldville . O mais ativo grupo político pela independência foi o Movimento Nacional Congolês (MNC) liderado por Patrice Lumumba.
Primeira bandeira da República do Congo (Congo-Léopoldville).

Mapa da atual República Democrática do Congo.
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    O novo país tem como primeiro presidente Joseph Kasavubu e como primeiro-ministro (chefe de governo) Patrice Lumumba, contudo ocorrem disputas políticas e militares e o governo é acusado de se aproximar ao bloco soviético. Lumumba é deposto e acaba assassinado em 1961. 
Patrice Lumumba, primeiro-ministro congolês de junho a setembro de 1960.

    Assim inicia-se a Crise do Congo (1960-1965) que foi uma guerra civil em que várias lutas e conflitos ocorriam, alguns dos principais pontos era a luta anti-colonial, conflitos tribais, uma guerra separatista em uma província, além de disputas entre congoleses favoráveis a aproximação com os EUA e outros alinhados a URSS. Depois de tantos conflitos foi aprovada  uma força de manutenção da paz das Nações Unidas no Congo que atuou de 1960 até 1964.
Soldado da missão de paz da ONU no Congo.
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    Em 1965, o general Joseph-Désiré Mobutu promove um segundo golpe de Estado, tornando-se novo presidente do Congo. Mobutu promove reformas alinhado ao capitalismo e uma política estatal para extinguir os resquícios do colonialismo, tornando um importante aliado aos Estados Unidos na África. 
Ao centro Mobutu em visita a Casa Branca e o presidente Richard Nixon (1973).

    Visando por fim a influência externa e até a ocidentalização, o governo autoritário de Mobuto promoveu a partir do final dos anos 1960 uma política de autenticidade, alterando nomes de cidades, a capital Leopoldville, nome em homenagem ao rei belga Leopoldo, passa a ser chamada de Kinshasa, em 1971 o nome do país deixa de ser Congo para  a ser Zaire, que significa "o rio que traga todos os rios", até o presidente Mobutu para a ser chamado de Mobutu Sese Seko.
Bandeira da República do Zaire de 1971 até 1997.

Mobutu Sese Seko, presidente de 1965 até 1997.

    Em 1996, o governo de Mobutu passa a sofrer a oposição de guerrilhas, na chamada Primeira Guerra do Congo, com crise econômica e questionado politicamente, ele acaba se exilando fora do país, assume a presidência o líder guerrilheiro Laurent-Désiré Kabila em 1997, uma das primeiras medidas foi alterar novamente o nome do país, agora República Democrática do Congo. Contudo, revoltas e conflitos continuaram como a Segunda Guerra do Congo e mais sete conflitos entre 2000 até a atualidade.
Campo de refugiados no Congo/Zaire em 2001.
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A ETIÓPIA INDEPENDENTE   
    A Etiópia manteve sua independência apesar dos avanços imperialistas sobre a África até 1935, quando a Itália invade a região e derrota as forças do imperador etíope Haile Selassie, que no exílio busca ajuda da Liga das Nações para reaver seu trono, o que vai ocorrer apenas em 1941 quando os italianos são expulsos da Etiópia por tropas Aliadas.
Mapa da Etiópia até 1991.

Bandeira do Império Etíope até 1974.
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     O imperador Haile Selassie voltou  a Etiópia com poder absoluto, alinhado aos países Ocidentais e muito ligado aos interesses religiosos da Igreja Ortodoxa Etíope, apesar de governar um país com uma importante parcela de muçulmanos, teve que enfrentar grupos separatistas que visavam a independência da região da Eritreia. 
Imperador etíope Haile Selassie de 1930 até 1936 e de 1941 até 1974.

    O imperador Selassie governou a Etiópia até 1974 quando sofreu um golpe de Estado organizado por militares comunistas,  apesar disso o imperador etíope desde os anos 1930 é venerado pelo movimento rastafári que tem um grande número de seguidores na Jamaica, eles consideram Haile Selassie como a reencarnação de Jesus Cristo ou como a própria representação de Deus.
Rastafári em Barbados.

    Em 1974, a Etiópia foi governada por um regime militar, autoritário de orientação comunista, aliando-se a União Soviética, o país passa a ser comandado por Mengistu Haile Mariam chefe de Estado de 1974 até 1991. Outro destaque negativo foi a Guerra de Ogaden (1977-1978), quando os etíopes tiveram de se defender de um ataque somali a região de Ogaden, em disputa entre os dois países, a Etiópia com ajuda soviética e até cubana venceu o conflito, 
Bandeira da Etiópia sob regime comunista de 1974 até 1987.


Presidente Mengistu Haile Marian em primeiro plano, juntamente com o líder cubano Fidel Castro.

    Outro conflito que ocorria de forma concomitante era a Guerra Civil da Etiópia (1974-1991) que culminou com a derrocada do regime comunista e a fuga de Mariam em 1991, o líder guerrilheiro Meles Zenawi torna-se presidente de transição.
Popular passa em frente a tanques encalhados em frente ao Palácio Presidencial na capital etíope.
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