Brasil Colonial (1789-1801): revoltas emancipatórias

  • Inconfidência ou Conjuração
  • Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (1789)
  • Conjuração Carioca (1794)
  • Conjuração Baiana (1798)
  • Conspiração dos Suassunas (1801)

INCONFIDÊNCIA OU CONJURAÇÃO   
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INCONFIDÊNCIA MINEIRA OU CONJURAÇÃO MINEIRA (1789)
    A região mineradora já estava em decadência e muitos membros da sociedade mineradora estavam descontentes com o controle rígido da Coroa portuguesa. Em 1788, tomou posse o novo governador português de Minas Gerais, Luís António Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, o Visconde de Barbacena tendo objetivo a cobrança de impostos atrasados de uma vez só, ou seja, a decretação de uma derrama.
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Barra de ouro quintado.
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    Nesse momento a situação em Minas Gerais era tensa, já que muitos mineradores ou contratadores deviam uma grande soma de impostos para a Real Fazenda e os responsáveis pela fiscalização pouco tinham feito até então, mas com a chegada do novo governador, as coisas podiam mudar.
Alferes Joaquim José da Silva Xavier, obra de José Wasth Rodrigues.
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    Acontecimentos do século XVIII como a expansão dos ideais Iluministas e a Independência dos EUA, levaram a vários homens, muitos formados na Universidade de Coimbra, a formar grupos para debater a situação do Brasil Colônia. Se destacou o grupo de Vila Rica (atual Ouro Preto) composto por intelectuais, grandes comerciantes, mineradores, membros da administração e do clero.
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Estrada Real que ligava Ouro Preto ao Rio de Janeiro.
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    Os principais membros do grupo de Vila Rica foram:
  • Cláudio Manuel da Costa: secretário do governo de Minas, minerador, advogado e poeta.
  • Tomás Antônio Gonzaga: ouvidor da capitania e poeta.
  • Luís Vieira da Silva: sacerdote católico, cônego do Cabido da Catedral de Mariana, professor de Filosofia no Seminário de Mariana.
Claudio Manuel da Costa.
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  • Inácio Alvarenga Peixoto: advogado e poeta, mas largou tudo para ser latifundiário e minerador em Minas.
  • Carlos Correia de Toledo e Melo: padre católico e pároco de São José Del-Rei.
  • José da Silva e Oliveira Rolim: padre católico, ordenado aos 32 anos.
  • Manuel Rodrigues da Costa, sacerdote católico.
  • Joaquim Silvério dos Reis: coronel, latifundiário e minerador.
  • Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes: alferes da Guarda colonial portuguesa e também foi dentista prático.
  • Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente coronel dos Dragões do Regimento de Minas Gerais.
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    Os integrantes do grupo debateram alguns planos que incluía:
  • A independência de Minas Gerais e proclamação de uma República, com capital de São João del Rei. Até foi elaborada uma bandeira com o lema em latim “Libertas quae sera tamem” (Liberdade ainda que tardia).
  • Seriam criadas uma universidade, uma casa da moeda e uma fábrica de pólvora. Os membros da conjuração também queriam desenvolver indústrias/manufaturas no novo país.
Bandeira da Inconfidência Mineira de 1789
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    Nenhuma intenção foi escrita, para não configurar prova de traição e todos deveriam negar a existência desses planos, caso fossem presos. Em relação a participação popular ficou em segundo plano e a questão da escravidão não havia consenso entre os membros do movimento da necessidade da abolição da escravidão.
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A Mais Importante das Reuniões dos Conjurados, obra de Pedro Américo.
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    Mas o movimento se desencadearia quando começasse a derrama, contudo os inconfidentes foram denunciados pelo coronel Joaquim Silvério dos Reis ao governador de Minas Gerais, o Visconde de Barbacena. Informado sobre a trama dos Inconfidentes, o governador português suspendeu a derrama e organizou rapidamente as tropas para prender os envolvidos.
(foto: Quinho)
Joaquim Silvério dos Reis, o delator do movimento. Imagem do jornal Estado de Minas.
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    O objetivo de Silvério dos Reis foi conseguir o perdão para suas dívidas junto a Fazenda Real, o que ele obteve e ainda ganhou um cargo no Rio de Janeiro, contudo ele sofreu atentados durante o resto da vida. O restante dos inconfidentes, foram presos e os processos correram até por volta de 1791.
Jornada dos Mártires, obra de Antônio Parreiras.
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   No final, a penalidade foi duríssima, os 11 réus foram condenados à morte pela forca e outros 7 réus ao desterro (exílio) na África. Mas no ano seguinte, a rainha D. Maria I modificou as penas e 17 réus passaram a ter como pena o degredo perpétuo, mas apenas Tiradentes teve sua pena de morte mantida. Isso deveu-se a ele divulgar abertamente suas ideais, mantendo-se fiel as suas crenças, apesar de não ser o principal líder do movimento.
Retrato de Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes, obra de Oscar Pereira da Silva.
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    No dia 21 de abril de 1792, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi executado na forca na cidade do Rio de Janeiro e depois ele foi esquartejado, a cabeça foi exposta em Vila Rica e as demais partes foram fixadas no caminho do Rio de Janeiro até Vila Rica.
Tiradentes esquartejado, obra de Pedro Américo.
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CONJURAÇÃO CARIOCA (1794)
    Foi um movimento que ocorreu no Rio de Janeiro, mas ficou basicamente no campo das ideias, já que os membros se reuniam em torno da Sociedade Literária do Rio de Janeiro fundada em 1786. Os intelectuais discutiam assuntos filosóficos e políticos, baseados nos ideais iluministas da Revolução Francesa.
Imagem representativa do artigo
Revista Militar do Largo do Paço, obra de Leandro Joaquim.
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    O vice-rei português do Brasil, José Luís de Castro, Conde de Resende, com medo dos ideais políticos e filosóficos desses intelectuais, extinguiu a Sociedade Literária em 1794. Vários de seus membros da sociedade foram presos acusados pelo crime de conjuração, com destaque para Manuel Inácio de Souza Alvarenga (professor e poeta), mas sem provas todos foram liberados.
Conde de Resende, vice-rei do Brasil de 1790 até 1801. 
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CONJURAÇÃO BAIANA (1798)
    Em 1798, foi a vez de Salvador na Bahia sediar outro movimento com ideais separatistas, a Conjuração Baiana que também é conhecida como Conjuração ou Revolução dos Alfaiates e até de Revolta de Búzios, já que o movimento teve pouca adesão entre membros da elite, mas a maioria eram pessoas pobres letradas, padres, pequenos comerciantes, escravos e ex-escravos. O movimento chegou a elaborar uma bandeira
Bandeira da Revolta dos Alfaiates (Conjuração Baiana).
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    Os motivos principais eram: o abandono da região da Bahia após a mudança da capital para o Rio de Janeiro, falta de abastecimento e o elevado preço das mercadorias. A revolta teve grande influência de ideias Iluministas, que ganharam força com a Revolução Francesa, da independência dos Estados Unidos e do Haiti. Membros da loja maçônica Cavaleiros da Luz sediada em Salvador também debatiam o tema sobre a independência.
  Esquadro, compasso e letra G (Geometria) da simbologia Maçónica.
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    As principais lideranças foram Cipriano Barata médico dos pobres, o padre Agostinho Gomes, os alfaiates Manuel Faustino, João de Deus e os soldados Luís Gonzaga e Lucas Dantas. Assim em 12 de agosto de 1798 foram colados panfletos em diversos locais proclamando a República Bahiense, abolição da escravatura, diminuição de impostos, abertura dos portos, fim do preconceito racial e aumento salarial.
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Cipriano Barata
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     O movimento assustou a elite baiana e o governo português na Bahia reprimiu de forma violenta o conflito, acrescido a isso o ferreiro José da Veiga delatou os integrantes da conjuração. No fim em torno de 50 pessoas foram presas, mas em 1799 apenas lideranças populares foram condenadas à morte pela forca: Lucas Dantas, Luiz Gonzaga, Manuel Faustino dos Santos e João de Deus.
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CONSPIRAÇÃO DOS SUASSUNAS (1801)
    Novamente sob as ideias Iluministas e da Revolução Francesa, foi formado em Olinda/PE, o Areópago de Itambé uma loja maçônica onde os debates evoluíram para uma conjuração contra o domínio português no Brasil. A ideia era a independência e a formação de uma república em Pernambuco, sob tutela de Napoleão Bonaparte.
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Selo dos Correios homenageando o Aerópago de Itambé e o fundador Manuel Arruda Câmera de 1796.
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     Integravam o grupo os irmãos Cavalcanti – Luís Francisco de Paula, José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque. Um membro do grupo delatou o movimento em 1801, resultando na prisão dos envolvidos e o Areópago foi extinto. Mas no final, pela falta de provas todos foram liberados. A chama revolucionária voltaria com a Revolução Pernambucana em 1817 (estudaremos mais adiante).
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