América Latina: estudos de caso (México e Colômbia)

  • México: Revolução Mexicana e os governos do PRI
  • Colômbia: constantes conflitos

MÉXICO: REVOLUÇÃO MEXICANA E OS GOVERNOS DO PRI  

Bandeira do México

    De 1876 até 1910, o México esteve sob um regime ditatorial do presidente Portírio Díaz, o período também é conhecido como Porfiriato e o presidente se reelegeu por seis eleições, consideradas fraudulentas pelos opositores.  
Porfírio Díaz general e presidente do México interinamente em 1876 e constitucional de 1877 até 1880 e de 1880 até 1911, quando foi destituído devido o início da Revolução Mexicana.
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    Apesar  de o país ter um bom crescimento econômico baseado no latifúndio e no empresariado, a maior parte dos trabalhadores urbanos e rurais viviam em condições miseráveis, em grande parte porque na formação dos latifúndios, milhares de camponeses e indígenas perderam suas terras, gerando uma tensão social no campo.
The Banana Leaf Loader, 1953 - Diego Rivera
O carregador de folha de bananeira, obra de Diego Rivera.
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    Nas eleições presidenciais de 1910, a oposição apresenta o liberal Francisco Madero, ele dizia que “o povo não quer pão, quer liberdade”, mas um pouco antes das eleições Madero é preso e Porfírio Díaz vence mais uma eleição de forma fraudulenta. Ao sair da prisão Madero foge para os Estados Unidos e lança um manifesto conhecido como Plano São Luís declarando nula a eleição e incitando o povo a revolta.
Palacio Nacional, na Cidade do México, sede do poder Executivo (presidente do México).
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    Iniciava-se a Revolução Mexicana (1910-1920), quando surgiram vários grupos que atacaram o Exército Federal de Porfirio Díaz, os principais grupos armados revolucionários eram liderados Francisco Madero e os líderes atuantes em áreas rurais como Pancho Villa e Emiliano Zapata. Em junho de 1911 tropas de Francisco Madero são aclamadas na Cidade do México, era o fim da ditadura do Porfiriato.
Francisco Madero, presidente do México de 1911 até 1913. 
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    Em uma eleição excepcional de 1911, Francisco Madeiro foi eleito com 98% dos votos, mas no governo ele não se preocupou com as injustiças sociais, reforma agrária e também sofria críticas de latifundiários, industriais, grandes comerciantes e militares. Em 1913 ocorre um golpe de Estado e o general Victorino Huerta passa a ser o novo presidente, instando uma nova ditadura. 
Soldados mexicanos durante o golpe de Estado que ficou conhecido como Decena Trágica em 1913. 
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        A resposta é mais instabilidade e conflito civis entre os diversos grupos políticos, destacamos três projetos:
  • Emiliano Zapata: defendia a devolução das terras comunais que haviam sido tomadas no centro-sul do país. Era apoiado por uma grande quantidade de indígenas e camponeses que estavam na miséria.

  • Pancho Villa: representava os interesses de um grande contingente populacional de camponeses no centro-norte do México, defendia um projeto de uma sociedade baseado em colônias (agrícolas e militares).

  • Venustiano Carranza: governador do estado de Coahuila, defendia que apenas o governo podia fazer reformas sociais, como a reforma agrária.

Emiliano Zapata

Sierra Delta Golf: Revolução Mexicana
Pancho Villa
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     Em 1913, Carranza lança o Plano Guadalupe, formando o Exército Constitucionalista que juntamente com tropas zapatistas e villistas tomam o poder em 1914, contudo divergências levam a continuidade da guerra civil, mas os líderes Emiliano Zapata e Pancho Villa acabaram mortos vitimas de emboscadas.
Plano Guadalupe
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    O presidente Venustiano Carranza aprovou uma Lei Agrária em 1915 iniciando a devolução de terras a pequenos camponeses, aliou-se a maior central sindical do México, derrotou definitivamente as tropas de villistas e zapatistas e convocou eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte.
Venustiano Carranza, presidente mexicano de 1914 até 1920. Disputas política levaram a sua queda em 1920 e foi morto quando fugia da Cidade do México. 
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    Em 1917 foi aprovada uma nova Constituição mexicana que concedia várias leis sociais favorecendo trabalhadores urbanos e rurais, com uma legislação agrária, nacionalização de terras, do subsolo e a educação laica. Mas devido a leis anticlericais, ocorreu uma revolta popular, a chamada Guerra Cristero (1926-1929), no fim negociações levaram ao termino do conflito.
As forças do governo enforcaram os Cristeros nas principais vias do México, na imagem estado de Jalisco.
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    Em 1929, formava-se o PNR – Partido Nacional Revolucionário liderado pelo presidente mexicano Plutarco Elías Calles que representava os ideais da Revolução Mexicana. 
PNR - Partido Nacional Revolucionário, antecessor ao atual PRI.

    Em 1934 foi eleito como presidente do México, Lázaro Cárdenas (PNR) com 98% dos votos e durante seu governo de 1934 até 1940, ele promoveu várias reformas sociais e econômicas.
Lázaro Cárdenas, general e presidente mexicano de 1934 até 1940.

Durante o governo de Cárdenas, o partido do governo alterou o nome para PRM - Partido da Revolução Mexicana.
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    O presidente Cárdenas ampliou a reforma agrária, onde 50% das terras cultiváveis foram entregues a camponeses e indígenas, realizou investimentos nos setores de comunicação, agricultura e irrigação, além da fundação de bancos estatais, incentivou a industrialização, estatizou ferrovias, criou uma legislação trabalhista, nacionalização do setor petrolífero (fundação da Pemex) e adotou uma política externa independente.
Lázaro Cárdenas em Jiquilpan, Michoacán, Obra de Roberto Cueva del Río.
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    Em 1946 o Partido da Revolução Mexicana, alterou seu nome para PRI – Partido Revolucionário Institucional, que dominou o cenário político mexicano até o ano 2000, elegendo 9 presidentes. A ideologia do partido alterou-se ao longo do tempo, a partir de 1982 os governos do PRI passaram a defender a privatização e o neoliberalismo.
Partido Revolucionário Institucional – Wikipédia, a enciclopédia livre
PRI - Partido Revolucionário Institucional do México

Presidente mexicano Miguel de la Madrid (esq.) de 1982 até 1988, ao lado do presidente dos EUA.
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COLÔMBIA: CONSTANTES CONFLITOS

Bandeira da Colômbia

    Disputas políticas entre o Partido Conservador e o Partido Liberal na Colômbia foram sempre complicadas, levando a uma série de conflitos. Em 1948 ocorre o assassinato do líder liberal e candidato a presidente Jorge Eliécer Gaitán resultando em diversos protestos violentos chamados de Bogotazo e o período que se seguiu foi um conflito civil principalmente no campo, o período é lembrado como La Violencia (1948-1957).
Bonde queimando em frente ao Capitólio Nacional da Colômbia durante o Bogotazo.
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    Por meio de um golpe de Estado, toma o poder o general Gustavo Rojas Pinilla em 1953, ele recebe apoio de parte da sociedade, das Forças Armadas e consegue assim promover algumas obras no setor de transportes e energia, as mulheres ganharam o direito ao voto (1954). Ele conseguiu pôr fim a maioria dos conflitos políticos, mas desgastando pela insatisfação popular, censura, falta de liberdade, acaba destituído por uma Junta Militar.
Gustavo Rojas Pinilla, general de presidente colombiano de 1953 até 1957.
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    Enquanto isso os partidos (Liberal e o Conservador) que representavam a elite e a classe média colombiana se aliaram para governar o país, na chamada Frente Nacional que elegeu cinco presidentes, governando a Colômbia entre 1958 até 1978, dividindo o poder e os cargos entre seus partidários. De forma alternada o domínio dos dois partidos permaneceu até o ano de 2010.
Partido Liberal Colombiano

Partido Conservador Colombiano – Wikipédia, a enciclopédia livre
Partido Conservador Colombiano
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     Nos anos 1960 com a Guerra Fria e os movimentos guerrilheiros socialistas/comunistas surgindo pela América Latina, a Guerra Civil Colombiana é retomada com a formação em 1964 das FARC-EP - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo lideradas por Manuel Marulanda, conhecido também por Tirofijo – “Tiro certeiro”, o movimento defendia a instauração de um país comunista marxista-leninista.
G1 > Mundo - NOTÍCIAS - Farc confirmam morte de chefe
Manuel Marulanda ao centro, líder das FARC-EP de 1964 até 2008, ano de sua morte.

Bandeira da guerrilha FARC extinta em 2017.
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    Também em 1964 surgiu na Colômbia, o ELN – Exército de Libertação Nacional liderado por Fabio Vásquez, com orientação marxista-leninista e inspirados na Revolução Cubana.  Em 1983 o movimento é reorganizado sob comando do sacerdote espanhol Manuel Pérez, conhecido como "El Cura Pérez".
Manuel Pérez, líder da ELN – Exército de Libertação Nacional de 1973 até 1998.

Bandeira do ELN.
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    Existiram ao longo do tempo outros grupos guerrilheiros de extrema-esquerda como Movimento 19 de Abril (M-19), esses vários grupos tinham inspiração marxista-leninista e passaram a ser combatidos pelo governo colombiano.
Helicóptero da polícia colombiana posicionando tropas no telhado do Palácio da Justiça durante o cerco ao Supremo Tribunal Federal da Colômbia promovido pelo grupo guerrilheiro M-19, ao final 12 magistrados morreram.

    Em 1968 o governo colombiano permitiu a formação de grupos paramilitares para combater as guerrilhas, assim surgiram vários grupos de extrema-direita como o AAA - Aliança Americana Anticomunista e a AUC – Autodefesas Unidas da Colômbia.
Carlos Castaño, líder da AUC – Autodefesas Unidas da Colômbia de 1997 até 2004.

Identificação da AUC.
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   Nos anos 1980 a Guerra Civil Colombiana enfrenta o envolvimento de movimentos guerrilheiros com o narcotráfico e sequestro de empresários e políticos. 
Cinco anos após a liberdade, Ingrid Betancourt defende perdão na Colômbia
Íngrid Betancourt, sequestrada pelas FARC em 2002 até ser libertada em 2008.

    De outro lado vários grupos paramilitares surgiram com o respaldo de agirem contra os guerrilheiros, mas também se envolveram com o narcotráfico, além disso existiram vários Carteis de drogas que se organizaram militarmente, como os carteis de Medellín e de Cali.
Pablo Escobar, fundador e líder do Cartel de Medellín (1972-1993) o grupo tinha um grande faturamento com o tráfico de cocaína, lavagem de dinheiro, extorsão, etc. Na foto Escobar preso em 1976.
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    O governo colombiano contou com a ajuda do governo dos EUA para conter os movimentos de extrema-esquerda no país, no ano de 1999, Estados Unidos e a Colômbia assinaram um acordo de cooperação econômica, social, militar para buscar terminar o conflito armado e combater o narcotráfico na região, esse acordo ficou conhecido como Plano Colômbia.
Secretário de Estado norte-americano Colin Powell em visita à Colômbia, cumprimenta um membro da Polícia Nacional colombiana. 

    Em 2012 ocorreu um importante acordo entre o governo colombiano e o maior grupo guerrilheiro, as FARC e negociações levaram a desmobilização de um grande contingente de rebeldes. 
Presidente colombiano Juan Manuel Santos (esq.) e a direita Iván Marquez (FARC) e ao centro o mediador Raúl Castro em Havana (2015).

    Mas até o momento, a Guerra Civil Colombiana está ocorrendo, mas em menor intensidade, quando um grupo de dissidentes das FARC, não aceitaram a deposição das armas e continuaram a luta armada, outros grupos de guerrilheiros e de carteis de drogas continuam ativos na Colômbia.
Comissão da Verdade (Comisión de la Verdad) é uma entidade autônoma criada pelo governo colombiano durante os acordos de paz, para investigar e revelar a verdade sobre o conflito na Colômbia.
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