Grandes Navegações: pioneirismo ibérico (Portugal e Espanha)

  • Guerra de Reconquista (718-1492)
  • Formação e independência de Portugal
  • Formação da Espanha
  • Motivos e tecnologias utilizadas nas Grandes Navegações

GUERRA DE RECONQUISTA (718 – 1492)   
    Para que os primeiros passos da Expansão Marítima pudessem ocorrer foi necessário primeiramente o surgimento e a consolidação do Estado-nação moderno, deixando de forma lenta e gradual a Idade Média. Na Península Ibérica tínhamos uma situação diferenciada já que quase toda região era ocupada pelos muçulmanos (mouros) no sé.
Mapa da Península Ibérica em 750.
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     Desde 718 os cristãos na Península Ibérica confrontavam os muçulmanos, com objetivo de expulsar os islâmicos, essa é chamada Guerra de Reconquista que ocorre até o ano de 1492. Inicialmente o Reino das Astúrias era o único reino cristão combatendo os "infiéis", mas logo ocorrem cisões e independências e por volta de 824 surge o Reino de Navarra, em 850 o Reino de Castela, em 910 o Reino de Leão e 1035 o Reino de Aragão, além de existir entidade com grande independência como o Condado de Barcelona e o Condado Portucalense.
Monumento a Pelágio em Cangas de Onís, Astúrias. Pelágio foi o fundador e primeiro rei das Astúrias.
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    Um grande impulso contra os muçulmanos, ocorre quando é lançada pela Igreja Católica com apoio da nobreza, um movimento político, econômico e religioso chamado de Cruzadas (1096-1272), a “guerra santa” lançada pelos cristão não era somente a conquista de Jerusalém (Terra Santa), mas também a expulsão dos muçulmanos de outros territórios desejados por reinos cristãos. Assim vários membros de Ordens Religiosas como a Ordem dos Templários ajudaram na formação de Portugal e Espanha.
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Guerreiro da Ordem dos Templários.
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FORMAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL    
    Vários franceses foram lutar contra os muçulmanos, Henrique de Borgonha foi um deles e se destacou nas batalhas de reconquista, diante disso ele casou como Teresa, filha do rei Afonso VI do Reino de Leão e recebeu um território e um título nobiliárquico, o Condado Portucalense em 1096. 
Henrique de Borgonha recebe a investidura do Condado Portucalense, em 1096, das mãos de Afonso VI de Leão e Castela, obra de Claudius Jacquand.
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    Diante dos constantes conflitos com os mouros, Henrique de Borgonha governou o condado com grande independência. Em 1112, toma posse seu filho D. Afonso Henriques que continua a Guerra de Reconquista. Entre tréguas e guerras negociou-se um acordo com o Reino de Leão em 1143, que reconhecia a independência de Portugal, mas mantendo um compromisso de manterem-se aliados contra os islâmicos.
Mapa da Península Ibérica em 1150.
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    Sob comando do rei D. Afonso I, da Dinastia de Borgonha, Portugal conquistou Lisboa em 1147 com ajuda dos cruzados. Por volta de 1267, Portugal confirma a posse da região do Algarve (sul de Portugal) finalizando a conquista de grandes áreas na formação do Reino de Portugal.
r/portugal - “O Rei Dom Afonso Henriques” pintura de Eduardo Malta para a Exposição do Mundo Português de 1940.
O Rei D. Afonso Henriques, obra de Eduardo Malta. D. Afonso I, foi rei português de 1143 até 1185. 
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    Com a morte do rei D. Fernando I em 1383 sem deixar descendentes, finalizava a Dinastia de Borgonha o que levou a uma crise de sucessão, e consequentemente a uma guerra civil. Disputavam o trono português: o rei D. João I de Castela que era neto de um rei português (D. Dinís I) e D. João, Mestre da Ordem de Avis, filho ilegitimo do rei português D. Pedro I.
D. João I, Mestre de Avis e rei português de 1385 até 1433.

Bandeira portuguesa usada entre 1385 até 1481.
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    Em 1385 as Cortes portuguesas querendo manter a independência do país, elegeram o filho ilegítimo como novo rei, assim ele foi coroado como D. João I, primeiro rei português da Dinastia de Avis. No mesmo ano, para consolidar seu poder o rei português D. João I teve que vencer os castelhanos na Batalha de Aljubarrota.
Batalha de Aljubarrota (Batalha entre Castela e Portugal) em 1385.
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     Esse processo de consolidação de independência de Portugal, ficou conhecido como Revolução de Avis, o novo rei D. João I que governou de 1385 até 1433 apoiou-se na nobreza, mas também na burguesia comercial incentivando o desenvolvimento de tecnologias para a expansão das navegações.
Padrão dos Descobrimentos | Lisboa - YouTube
Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, homenagem a época de ouro de Portugal.
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   FORMAÇÃO DA ESPANHA
    Enquanto Portugal já tinha se constituído politicamente e territorialmente, o restante da Península Ibérica convivia com guerra contra os mouros (muçulmanos), mas também conflitos e casamentos entre as dinastias e reinos de Leão, Castela, Aragão e Navarra.
Mapa da Península Ibérica.
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     Primeiramente o Reino de Leão foi anexado ao Reino de Castela por volta de 1230. Mas um dos fatos decisivos foi o casamento em 1469, entre a rainha Isabel I de Castela e o rei Fernando II de Aragão, os descendentes do casal unificaram o território, nascendo a Espanha. O casal era chamado de “Reis Católicos de Espanha”.
Fernando II de Aragão e a Isabel I de Castela.
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    Mas ainda faltava um território ao sul da Espanha que estava sob controle muçulmano, o Emirato de Granada que foi definitivamente conquistado pelos cristãos no ano de 1492. Assim a Espanha é formada e pode-se lançar mais esforços econômicos e militares visando as grandes navegações.
A Rendição de Granada, obra de Francisco Pradilla. O Emir Maomé XII (esq.) rendendo-se aos Reis Católicos.
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 PIONEIRISMO PORTUGUÊS   
     Naquela época circulavam conversas que no mar era a morada de monstros terríveis, que o fundo do oceano ficava o inferno, que os mortos no mar nunca sairiam do purgatório e que conforme se navegava para o sul, as águas esquentavam muito e chegavam a ferver. 
Mapa da costa de Portugal, do holandês Lucas Janszoon Waghenaer de 1584.
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       Mas vários fatores incentivaram o pioneirismo português nas grandes navegações:
  • Boa localização geográfica e uma atividade pesqueira para o Atlântico.
  • Centralização política (Revolução de Avis).
  • Desenvolvimento de técnicas de navegação e conhecimento náutico.
  • Disponibilidade de capital (dinheiro), inicialmente  de genoveses, mas aos poucos a expansão marítima se autofinanciou.
  • Falta de terras cultiváveis, assim os portugueses buscavam alimentos no comércio.
  • Uniformização tributária e monetária capaz de ampliar os negócios da burguesia e fortalecer economicamente a Coroa.
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    Todos esses fatores contrastavam com os demais países europeus, já que a Espanha ainda estava envolvida na Guerra de Reconquista contra os muçulmanos e França e Inglaterra estavam em confronto na Guerra dos Cem Anos. Esses fatores atrasaram a entrada principalmente dos últimos dois para as expedições marítimas. 
Batalha de Patay (1429), durante a Guerra dos Cem Anos.
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   Em Portugal a expansão marítima foi organizada pela Coroa portuguesa com apoio dos mercadores (burguesia mercantil) e da nobreza. Apesar de ser um país agrário, o comércio português com a região de Flandres (Países Baixos – Holanda) e com o norte da África era intenso. Os portugueses vendiam sal, pescado, vinho e azeite e compravam tecidos, cereais e prata.
Vista de Lisboa e Rio Tejo no século XVI. 
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    Na história das grandes navegações portuguesas existem muitas lendas ou até situações controversas, como a existência da Escola de Sagres dirigida pelo Infante D. Henrique, quinto filho do rei D. João I, está escola dedicava-se a pesquisas cartográficas e náuticas. Mas hoje está provado que na verdade que o local indicado era apenas uma das residências do Infante, mas que também pode ter servido para estudos náuticos no século XIV.
Infante D. Henrique, obra de  Nuno Gonçalves. O Infante foi mestre da Ordem de Cristo de 1420 até 1460.
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    Mesmo assim não resta dúvida que o Infante D. Henrique teve papel importante na expansão marítima portuguesa entre 1415 até sua morte em 1460, já que ele reuniu matemáticos, astrônomos, navegadores, cartógrafos a fim de conseguirem desenvolver tecnologia e conhecimento necessário para encarar rotas no Oceano Atlântico.
Cruz da Ordem de Cristo. Após o fim da Ordem dos Templários, em Portugal o rei cria no ano de 1319 a Ordem de Cristo, que acabou sendo uma ordem militar e religiosa que apoio as navegações.
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    Assim os portugueses difundiram o uso da bússola essencial para a orientação dos navegantes; desenvolveram o quadrante que alinhado o Oriente e o Sol permitindo calcular latitudes; o astrolábio que possibilitava medir a altura dos astros em relação ao horizonte no curso da navegação.
Antiga bússola portuguesa.

Marinheiro utilizando um quadrante.

Utilizando o astrolábio.
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    Outro fator importante foi a construção de embarcações adequadas a navegação oceânica, assim surgiram as embarcações conhecidas como caravelas, que eram navios leves, ágeis e podiam levar até 50 toneladas, bem menor que outras embarcações que podiam levar em torno de 600 toneladas, mas também mais simples de operar, 20 tripulantes era o número necessário para conduzir a caravela.
A História das Caravelas Portuguesas | Caravela portuguesa, Caravela,  Barcos antigos
Caravela portuguesa com a Cruz da Ordem de Cristo.
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