América Latina durante a Guerra Fria: Chile, Paraguai, Haiti, Bolívia e Panamá

  • Chile: democracia e ditadura 
  • Paraguai: da Guerra do Chaco até o fim da ditadura 
  • Outras ditaduras pela América


CHILE: DEMOCRACIA E DITADURA    

Bandeira do Chile

    O Chile ao longo da sua história republicana mostrou-se estabilidade política, contudo a Guerra Fria e a tensão entre o capitalismo e o socialismo tumultuou o cenário político. 
    Nas eleições presidenciais de 1964, Eduardo Frei do PDC – Partido Democrata-Cristão aliado a conservadores vence com 56% dos votos, muitos garantem que a influência e financiamento da CIA foi fundamental para derrotar o socialista Salvador Allende.  
LasPortadasDeTuVida📰 on Twitter: "1964 Sep 4 - Eduardo Frei Montalva (DC)  se convertía en Presidente de la República.… "
Capa do jornal chileno La Nación, sobre o resultado da eleição de 1964.
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    Mas nas eleições presidenciais de 1970, Salvador Allende do PS – Partido Socialista forma uma frente ampla chamada de Unidade Popular composta por oito partidos de esquerda. Após uma vitória apertada no voto popular, onde Allende recebeu 36,6%, ele foi confirmado pela eleição indireta no Congresso Nacional com 78% dos votos.
EBC | Conheça a trajetória do ex-presidente chileno Salvador Allende
Salvador Allende no dia da posse como presidente, ele governou o país de 1970 até 1973. 

PS - Partido Socialista do Chile fundado em 1933.
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    O governo de Salvador Allende se caracterizou por ser uma via ao socialismo, de forma democrática. Durante seu governo ele estatizou o sistema bancário, alguns ramos da indústria e a exploração de cobre, principal recurso natural do país equivalia a 80% das exportações do Chile, além disso 35% das terras cultivadas foram expropriadas de grande proprietários e distribuídos a camponeses.
Mina de cobre de Chuquicamata, Calama, no Chile. Em 1971 o governo Allende nacionalizou o cobre, prejudicando interesses norte-americanos.
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    Todos esses fatores levaram pecuaristas, latifundiários, empresários chilenos e estrangeiros no país a suspenderem investimentos. Organizaram-se grupos de extrema-direita como o Pátria e Liberdade de inspiração nacionalista e fascista que promoveram atentados terroristas contra pessoas aliadas o presidente Allende e militares constitucionalistas.
Líder de Patria y Libertad analiza los “errores” de Frei Montalva y el PDC  | Interferencia
Pablo Rodríguez Grez, chefe nacional da Frente Nacionalista Pátria e Libertade. 

Símbolo da FNPL - Frente Nacionalista Pátria e Liberdade.

    Como represália a estatização do setor de cobre organizada pelo governo chileno sob comando de Allende, os EUA suprimiram empréstimos e investimentos no país, além de manobras no mercado internacional para baixar o preço do cobre, o objetivo era desestabilizar a economia do Chile. 
Presidente Salvador Allende em discurso na ONU no ano de 1972.
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    A extrema-esquerda também se organizou como o MIR – Movimento de Esquerda Revolucionaria com inspiração marxista-leninista e guevarista, que passou a tomar fábricas e invadir propriedades rurais. Todo esse processo político levou a um desabastecimento e a uma radicalização política sem precedente no Chile. 
Miguel Enríquez Espinosa, chefe do MIR de 1967 até 1974, quando foi morto por uma ação da polícia secreta chilena.

Bandeira da organização política MIR.
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    Em agosto de 1973, depois de uma crise com o Exército, o presidente Allende nomeou o general Augusto Pinochet como o comandante-em-chefe do Exército chileno, este estava alinhado com uma ruptura institucional.
O presidente Allende (dir.) ao lado o comandante do Exército Augusto Pinochet (esq.).

    Em setembro de 1973 os comandantes militares lideraram um golpe de Estado para depor Allende, o presidente e alguns auxiliares tentaram resistir no Palácio La Moneda, mas o palácio foi bombardeado pela Força Aérea e o presidente Allende suicidou-se.
Documentos comprovam apoio brasileiro ao golpe militar no Chile | NSC Total
Momento que Allende (centro) ainda tentava se defender contra sua o golpe de Estado.
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    Tomava o poder, o presidente e general Augusto Pinochet que impôs um regime ditatorial de 1973 até 1990, perseguindo com violência a oposição, muitos presos e vários fuzilados, estima-se que 3 mil pessoas foram mortas e 40 mil entre desaparecidas e torturadas pela ditadura. O Congresso Nacional foi fechado, imprensa censurada e sindicatos independentes foram fechados.
Aventuras na História · A criminosa origem da fortuna do ditador chileno Augusto  Pinochet
General Augusto Pinochet, presidente do Chile de 1973 até 1990. Foi preso em Londres em 1998 devido a crimes contra a humanidade. 

Militares chilenos vigiando prisioneiros no Estádio Nacional, em 1973.
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    Grupos de extrema-esquerda como o MIR – Movimento da Esquerda Revolucionária e da FPMR - Frente Patriótica Manuel Rodríguez iniciaram uma luta armada contra a ditadura, mas a grande repressão organizada pelo governo levou o fim da maioria das organizações, consideradas como terroristas pelo governo, outras manifestações civis também ocorriam principalmente nos anos 1980 diante de um governo autoritário.
Protestos no dia 1º de maio de 1984, na capital Santiago.

    Na economia o governo Pinochet iniciou reformas abrindo a economia chilena ao capital estrangeiro, privatizando empresas estatais, inclusive a Previdência Social. Os economistas chilenos do governo autoritário de Pinochet ficaram conhecidos como Chicago Boys porque estudaram na Universidade de Chicago e implementaram medidas do neoliberalismo, defendidas por Milton Friedman.
La historia de los Chicago Boys en Chile - La Tercera
Milton Friedman (terno preto) em visita ao Chile.
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    A economia começou a crescer, em 1980 foi marcado um plebiscito onde apenas se definia “Sí ou No” aprovando uma nova Constituição e um mandato para o general Pinochet de oito anos. O resultado foi a vitória pelo Sim, confirmando Pinochet no poder até 1988.
Propaganda a favor de Pinochet em 1980.

Cédula de votação do plebiscito chileno de 1980.
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    Em 1988 um novo plebiscito foi convocado e a sociedade chilena negou a continuidade da ditadura Pinochet. A transição foi pacífica, nas eleições multipartidárias de 1989 foi eleito como presidente Patricio Aylwin do PDC – Partido Democrata Cristão apoiado por uma coalização de centro-esquerda. Pinochet deixou o poder em 11 de março de 1990 e o Chile voltava a ser uma democracia.
Patricio Aylwin, presidente do Chile de 1990 até 1994, ele foi apoiado pela aliança de centro-esquerda Concertación.
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PARAGUAI: DA GUERRA DO CHACO ATÉ O FIM DA DITADURA
    De 1932 até 1935 ocorre a chamada Guerra do Chaco, entre Paraguai e Bolívia que disputam o território denominado Chaco, no fim os paraguaios conquistam 3/4 do território, aumentando consideravelmente sua área territorial. 
Guerra do Chaco – Wikipédia, a enciclopédia livre
“Gran Chaco”, o Grande Chaco região disputada na guerra.
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   A política paraguaia foi tradicionalmente dominada pelo Partido Liberal que governou de 1905 até 1936, quando ocorreu um golpe de Estado liderado pelo coronel Rafael Franco, a Revolução Febrerista, apesar de ter governado o Paraguai interinamente de fevereiro de 1936 até agosto de 1937, o presidente Franco implantou leis promovendo reformas políticas e sociais, como leis trabalhistas, mas sofreu um novo golpe de Estado e o Partido Liberal voltou ao poder.
Rafael Franco, coronel do Exército paraguaio e presidente da República (1936-1937).

    Mas ocorrem sucessivas crises políticas, instabilidades e golpes de Estado, até que em 1954 por meio das armas subiu ao poder o general Alfredo Stroessner apoiado pelo Partido Colorado, instalando uma ditadura no país.
Bandeira do Paraguai de 1954 até 1988, durante a ditadura Stroessner.

Aventuras na História · 10 fatos sobre o ex-ditador paraguaio Alfredo  Stroessner
Alfredo Stroessner, general e presidente do Paraguai de 1954 até 1989.

Bandeira do Partido Colorado.
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    O governo do presidente e general Alfredo Stroessner pôs fim a disputa política e grande instabilidade no país, caracterizou por ser anticomunista a e repressão prendeu de forma arbitrária e torturou, cerca de 400 pessoas foram mortas durante ações contra opositores.
Os 35 anos de ditadura de Alfredo Stroessner no Paraguai – Exclamación
Aliados, os presidentes Alfredo Stroessner (esq.) e a direita o presidente Pinochet.
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    No final dos anos 1960, a ditadura Stroessner passou a aceitar a formação de partidos políticos de oposição, como o PLR - Partido Liberal Radical e o PLRA – Partido Liberal Radical Autêntico. Contudo a oposição nunca chegou nem próximo a conquistar uma vitória nas eleições parlamentares ou presidenciais, assim nas dez eleições de 1960 até 1988 foram marcadas por vitórias estrondosas de Stroessner e do Partido Colorado.
La historia sobre el régimen de Stroessner, disponible en la web -  Paraguay.com
Cartaz durante as eleições presidenciais de 1988, em que Stroessner foi vencedor.
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     No plano econômico, o Paraguai mostrou-se sempre muito agrário, com grande destaque aos acordos como o governo Stroessner e os governos brasileiros, como a construção da Ponte Internacional da Amizade e já durante o Regime Militar no Brasil a assinatura do Tratado de Itaipu em 1973 que possibilitou a construção da hidroelétrica de Itaipu binacional, a maior do mundo até então
Paraguai define consultor para renegociação do Anexo C do Tratado de Itaipu  – O Presente
Os presidentes militares Stroessner (esq.) e Médici (dir.) assinando o Tratado de Itaipu.
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     Com o enfraquecimento da Guerra Fria e o fim de diversas ditaduras na América Latina, o presidente Alfredo Stroessner sofre um golpe de Estado em fevereiro de 1989, organizado por militares com apoio dos EUA e da oposição, sob comando do general paraguaio Andrés Rodríguez. Na sequência foram convocadas eleições presidenciais e democráticas e o general Andrés Rodriguez do Partido Colorado foi eleito, governando o Paraguai até 1993.
Andrés Rodríguez, general paraguaio, que derrubou o seu contraparente  Alfredo Stroessner (1912-2006) e ocupou o seu lugar na Presidência do  Paraguai entre 1989 e 1993
Presidente paraguaio Andrés Rodriguez.
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OUTRAS DITADURAS PELA AMÉRICA
    No Haiti em 1957 foi eleito François Duvalier (“Papa Doc”), na presidência instalou uma ditadura personalista, criando uma milícia de segurança sob as suas ordens, eles ficaram conhecidos como Tonton Macoute, em tradução livre como “bicho papão”. Inicialmente alinhado com os EUA durante a Guerra Fria, acabou isolando-se ao longo de seu governo sendo acusado de desviar recursos públicos para enriquecimento pessoal, enquanto grande parte da população passava fome, além da repressão contra a oposição.
François Duvalier, presidente haitiano de 1957 até 1971.


Bandeira do Haiti de 1964 até 1986 durante a ditadura dos Duvalier.

    Em 1971 assumiu o poder seu filho Jean-Claude Duvalier (“Baby Doc”) que permaneceu no poder até 1986, seu governo também foi marcado pelo terror político e anos de falta de assistência levaram a queda da expectativa de vida e a altas taxas de analfabetismo, a crise econômica acentua-se nos anos 1980 e seu governo perde força, grandes protestos levam Baby Doc fugir do país e se exilar na França.
Jean-Claude Duvalier, presidente haitiano de 1971 até 1986.
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    Na Bolívia temos entre 1940 até 1989 mais de trinta presidentes, a instabilidade ocorre devido aos inúmeros golpes de Estado promovidos pelas Forças Armadas, retornos a democracia e novas destituições. 
Bandeira da Bolívia.

    Destacamos entre as ditaduras a do general René Barrientos (1966-1969) e do general Hugo Banzer de 1971 até 1978 e governos democraticamente eleitos como dos presidentes Víctor Paz Estenssoro que governou por três oportunidades (1952-1956), (1960-1964) e (1985-1989) e  Hernán Siles Zuazo (1956-1960) e de (1982 até 1985). 
Mineiros armados carregam Victor Paz Estenssoro durante a Revolução Boliviana de 1952, seu governo é reconhecido por seu populismo e reformas sociais.

El Acuerdo de Charaña | En qué Invertir
A esquerda o presidente chileno Pinochet, e a direita o presidente e general boliviano Hugo Banzer.
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   Outro fato que ocorreu na Bolívia foi a passagem de Che Guevara que organizou um foco guerrilheiro comunista, a conhecida Guerrilha de Ñancahuazú que existiu entre 1966-1967, o movimento sofreu uma forte repressão do Exército boliviano e pela CIA (agência de inteligência dos EUA). Ernesto Che Guevara foi preso durante os confrontos em 09 de outubro de 1967 e logo executado na aldeia boliviana de La Higuera.
O cadáver de Guevara foi exposto à imprensa mundial no hospital de Vallegrande, Bolívia.
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    O Panamá é um país é estrategicamente importante devido o Canal do Panamá, sendo que fundos norte-americanos foram importantes para fazer a passagem, assim em 1903 foi assinado um acordo, onde criou-se uma área, a Zona do Canal do Panamá que passou a ser território administrado pelos EUA.
Bandeira do Panamá

Mapa do Panamá, seta indicando o Canal do Panamá.

Mapa da Zona do Canal do Panamá pertencente aos EUA de 1903 até 1999.

    Politicamente o país sempre esteve ligado aos Estados Unidos, em 1968 ocorre a chamada Revolução Panamenha (uma ditadura militar) e o general Omar Torrijos chefe da Guarda Nacional passou a ser o líder da revolução, ele indicava o presidente da República, assim o líder militar tinha grande poder político,  destacou-se como um governo popular redistribuiu terras a camponeses e negociando com os EUA um tratado que resultou na devolução gradativa do Canal do Panamá ao governo panamenho, esse processo que foi finalizado em 1999.
Omar Torrijos, general, ditador e líder máximo do Panamá de 1968 até 1981.

Jimmy Carter (esq) e Omar Torrijos (dir.) depois da assinatura dos Tratados Torrijos-Carter em 1977.

    Mas Omar Torrijos faleceu em um trágico acidade aéreo em 1981 e depois de uma certa instabilidade, chegava ao poder em 1983 como líder da Revolução, o general Manuel Noriega, inicialmente Noriega tinha boas relações com os EUA e com setores de inteligência norte-americanos, mas desentendimentos ao longo da segunda metade dos anos 80, sendo conhecido por acusação de estar envolvido nas mortes de opositores políticos, além de acusações de extorsão, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro por um tribunal estadunidense. 
Manuel Noriega, general, ditador e líder máximo do Panamá de 1983 até 1990.

    O resultado foi uma invasão dos EUA ao Panamá, que ocorreu de 20 de dezembro de 1989 até 31 de janeiro de 1990, que levou a tomada da capital panamenha e a captura de Manuel Noriega que é levado para os Estados Unidos e condenado a 40 anos de prisão, nos meses seguinte o Panamá convoca eleições e volta a ser um país democrático.
Um veículo militar M113 dos EUA durante os combates na Cidade do Panamá.

Manuel Noriega preso nos EUA.
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América Latina durante a Guerra Fria: caso da Argentina e do Uruguai

  • Argentina: entre ditaduras e processos democráticos
  • Uruguai: ditadura civil-militar e a democracia
  • Operação Condor

ARGENTINA: ENTRE DITADURAS E PROCESSOS DEMOCRÁTICOS    
  
Bandeira da Argentina.

    Apesar de ter sua economia baseada na agropecuária, a Argentina foi o país que mais se industrializou na América Latina durante a primeira metade do século XX, a maioria das industrias concentravam-se em Buenos Aires, onde rapidamente formou-se uma classe operária organizada.  
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Frigorifico Armour de La Plata, localizado no porto de La Plata, na Argentina. 

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Selo argentino destacando a pecuária.
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    Em meio da Segunda Guerra Mundial, a Argentina mantinha a neutralidade, chegando a receber um importante contingente de imigrantes alemães e italianos, somente em 1944 os argentinos rompem relações com a Alemanha e o Japão. Em junho de 1943, militares conservadores que formavam o GOU – Grupo de Oficiais Unidos promove um golpe de Estado governando o país até 1946, quando o general Edelmiro Farrell convoca eleições presidenciais.
Jornal de janeiro de 1944, quando a Argentina rompe com a Alemanha e o Japão.
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    O coronel Juan Domingo Perón destacou-se como secretário do Ministério do Trabalho, ele se aproximou do movimento operário, promovendo direitos sociais dos trabalhadores do campo e da cidade, como férias, aposentadoria, justiça do trabalho, proteção contra acidentes do trabalho, etc. Perón chega em 1944 ao cargo de Ministro da Guerra e vice-presidente da República Argentina (1944-1945).
Presidente Edelmiro Farrell (esq.) e o Vice-Presidente Coronel Juan Perón, abril de 1945.
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    O governo militar de Edelmiro Farrell apoiado por conservadores chegou a prender Perón, contudo os movimentos sindicalistas fizeram vários protestos na Praça de Maio (Plaza de Mayo), sendo que a prisão de Perón podia significar uma ameaça aos direitos sociais conquistados, no fim Juan Domingo Perón foi liberado e concorreu nas eleições de 1946 pelo Partido Trabalhista, sendo o grande vencedor com 53% do votos.
Matar a Perón a cualquier costo - Séptimo Día
Presidente Juan Domingo Perón, tomando posse em 1946.
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    O governo de Juan Domíngo Perón teve como principais caracteristicas: reformou  a Constituição em 1949, incorporando direitos trabalhistas, nacionalizou as águas, riquezas minerais do país como petróleo, gás e carvão. A primeira-dama Eva Perón (Evita) também ganha destaque em obras sociais e a participação feminina na política (1947). Ainda foi fundado por Perón um novo partido, o PJ - Partido Justicialista que representou o pensamento peronista aliado a política trabalhista. 
Juan Domingo Perón e a esposa Eva Perón. 
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    Perón se reelege em 1951 com 63% dos votos, mas a economia argentina entra em recessão, a inflação subiu e os trabalhadores perderam poder de compra, assim greves começaram a se suceder. Perón se indispôs com grupos militares e civis conservadores, assim em 1955 o presidente Perón sofre um golpe de Estado, sendo destituído do poder.
DESDE LOS SATELITES: EVITA, Renunciamiento historico (IV)
Comício organizado pela CGT – Confederação Geral do Trabalho, apoiando o governo peronista.
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    De 1955 até 1958, a Argentina viveu sob um novo regime militar, se autodenominando Revolução Libertadora, dos governos do general Eduardo Lonardi (1955) e o do general Pedro Eugenio Aramburu (1955-1958), desfizeram várias reformas implantadas pelo peronismo. Ocorreram prisões a opositores, sindicalistas e fuzilamentos de militares que eram contra o regime.
Capa da Revista Ahora apoiando o golpe militar de 1955.
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    Nas eleições de 1958 convocadas pelo regime militar, o peronismo foi proibido de participar. Após um pequeno período democrático, os militares tomam novamente o poder na Argentina em 1966. Nesse momento surgem grupos de extrema-esquerda como Montoneros, o ERP - Exército Revolucionário do Povo e a FAR – Forças Armadas Revolucionarias que promovem a luta armada contra o regime militar, para financiar o movimento esses grupos promoveram assaltos a bancos e sequestros. 
Os Motoneros, defendiam o estabelecimento de um estado socialista, a volta de Perón a Argentina e eleições livres. Derrotados na luta armada no final dos anos 1970.

ERP - Exército Revolucionário do Povo, com inspiração marxista-leninista, buscou iniciar focos guerrilheiros contra o regime militar argentino, foi aniquilado nos anos 1970.
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    Crise econômica, o crescimento da oposição e de grupos guerrilheiros levou a impopularidade da ditadura, que acabou convocando novas eleições democráticas em 1973, o Partido Justicialista (peronista) pode participar. Em setembro do mesmo ano era eleito para o terceiro mandato Juan Domingo Perón, tendo como vice-presidente sua terceira esposa Isabel Perón, mais conhecida por Isabelita.
Isabel Perón cumple 90 años: en qué país está viviendo actualmente | Minuto  Argentina
Juan Domingo Perón e sua terceira esposa Isabelita, no retorno de Perón a presidência da Argentina.
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    Contudo em julho de 1974, Juan Domingo Perón faleceu aos 78 anos, sua esposa Isabel Martínez de Perón (Isabelita Perón) passa a ser presidente da República Argentina, contudo disputas entre a extrema-esquerda e a extrema-direita leva a detestabilidade e a um novo golpe de Estado promovido por militares em 1976.
Isabel Perón assumindo o cargo de presidente da Argentina, e governando de 1974 até 1976.
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    A nova ditadura cívico-militar argentina, passou a ser liderada pelo general Jorge Videla entre 1976-1981, ele dissolve o Congresso Nacional e atua com grande repressão aos opositores, a chamada “guerra suja”, sendo que o número de pessoas desaparecidas durante essa ditadura argentina chega a 30 mil pessoas.
Ao centro, o general Jorge Rafael Videla, presidente argentino de 1976 até 1981.
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    Essas constantes prisões, mortes e desaparecimentos levou a denominar esse momento da história argentina também de terrorismo de Estado. Críticas ao regime cresceram a partir de 1981, a mais conhecida foram as Mães da Praça de Maio, sendo mães em busca de seus filhos desaparecidos, outros movimentos sindicais, estudantis e dos direitos humanos também passaram a se manifestar.
Protesto em 1982, das Mães da Praça de Maio em busca de seus filhos.
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    Recorrendo ao patriotismo para ganhar prestígio, o governo argentino atacou e ocupou as Ilhas Malvinas, território britânico reclamado pelos argentinos desde o século XIX, iniciando assim a chamada Guerra das Malvinas de abril a junho de 1982. A resposta do governo britânico foi rápido e a derrota das Forças Armadas argentinas foi contundente. A partir daí o governo militar perdeu o pouco prestígio que tinha diante da sociedade.
Há 27 anos, o ditador Galtieri celebrava desembarque nas Malvinas

La cobertura de la Guerra de Malvinas: del “estamos ganando” al “¿tenían  frío?”
Capa da revista argentina Gente y la Actualidad em dois momentos do conflito (vitória acima e abaixo na derrota).
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    Após uma eleição parlamentar foi formado um Colégio Eleitoral de 1983 e por meio de uma eleição indireta sagrou-se vitorioso, Raúl Alfonsín da UCR – União Cívica Radical, era a volta da democracia na Argentina. O presidente Alfonsín governou o país enfrentando uma grave crise econômica devido a hiperinflação, protestos das vítimas da "guerra suja" que exigiam punições aos militares envolvidos com o desaparecimento de presos políticos, militares principalmente de baixa patente ameaçando revoltas contra possíveis processos, etc.
Raúl Alfonsin, presidente argentino de 1983 até 1989.

Papel-moeda de 1.000 australes, a moeda argentina de 1985 até 1991.
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    Posteriormente os presidentes militares argentinos durante o período chamado “guerra suja” que cometeram crimes lesa-humanidade foram punidos, o presidente general Jorge Rafael Videla foi condenado a prisão perpétua em 2010, o mesmo ocorreu com o último presidente da ditadura argentina, o general Reynaldo Bignone.
A lição da Argentina: o ex-ditador Jorge Rafael Videla vai morrer na prisão  - ISTOÉ Independente
Sentados durante um dos julgamentos Jorge Videla e Reynaldo Bignone, condenados devido ao fuzilamento de presos políticos e até de sequestros de bebês.
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   URUGUAI: DITADURA CIVIL-MILITAR E A DEMOCRACIA
 
Bandeira do Uruguai

    Durante o período de 1952 até 1967, o Uruguai foi governado por um Conselho Nacional, sendo abolida a figura de um presidente. Politicamente o país era controlado por um bipartidarismo, se alternando no poder desde o século XIX, o Partido Colorado e o Partido Nacional (conhecido também como Partido Blanco).
Partido Colorado

Partido Nacional (Partido Blanco)
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    Em 1964 é fundado o principal movimento de extrema-esquerda, o MLN-T - Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros, que inicia a luta armada para implantar um regime de inspiração marxista-leninista, os principais líderes foram Raúl Sendic, Eleuterio Fernández Huidobro e Mauricio Rosencof e José Mujica. O grupo praticava atos sequestros e assaltos para financiar o movimento.
Raúl Bebe Sendic fue un pensador sólido, el más agudo, el más consecuente,  y cuando había que jugarse estaba en primera fila – Resumen Latinoamericano
Um dos mais importantes líderes do MLN-T, Raúl Sendic com Fidel Castro.

Bandeira do movimento Tupamaro.
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    Reformas institucionais levam a recriação do cargo de presidente em 1966. Em 1973 ocorre um autogolpe de Estado, quando o presidente Juan Maria Bordaberry com apoio dos militares fechou o Congresso Nacional, perseguiu sindicatos e aumentou a repressão a opositores. A ditadura civil-militar uruguaia manteve-se no poder até 1985.
Jovens do Restelo: Presidente Juan María Bordaberry RIP
Eleito democraticamente, o presidente Juan Maria Bordaberry governou de forma ditatorial de 1973 até 1976, quando foi removido do cargo pelos militares.
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   Com o desgaste da Guerra Fria e a abertura política na maioria dos países da América Latina, o último presidente general uruguaio Gregorio Álvarez aceita deixar o poder em 1985. Com o processo de abertura democrática, os Tupamaros abandonam a luta armada e nas eleições presidenciais de 1985 vence o candidato Júlio Maria Sanguinetti do Partido Colorado, o Uruguai voltava a ser uma democracia.
Más integración, más democracia | 1987 I 88 | Página12
Os três presidentes civis no final dos anos 1980: Raúl Alfonsín da Argentina (esq.), Júlio Maria Sanguinetti do Uruguai (centro) e a direita o presidente José Sarney (Brasil).
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  OPERAÇÃO CONDOR 
    Foi uma associação de sistemas repressivos do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia, a primeira reunião ocorreu em 1975, inicialmente seriam trocadas informações de opositores, exilados, esquerdistas e grupos de luta armada. 

    Em uma fase mais avançada da Operação Condor envolveu sequestros, assassinatos e atentados a opositores dos regimes autoritários constituídos, um dos casos mais conhecidos foi o atentado que resultou a morte do general aposentado Carlos Prats em Buenos Aires.
Atentado organizado pela polícia secreta de Pinochet, levando a morte do general chileno Carlos Prats em Buenos Aires (1974).
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