Brasil Colonial: exploração dos diamantes e a história de Chica da Silva

 

  • Distrito Diamantino
  • Chica da Silva

DISTRITO DIAMANTINO    
    Em 1729, foram encontradas minas de diamantes no Arraial do Tijuco (atual cidade de Diamantina/MG), inicialmente a exploração ficou a cargo de particulares, contudo o governo português tinha dificuldade de cobrar o impostos, como o quinto.
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    Na busca de controlar a exploração de diamantes, em 1734 foi criado o Distrito Diamantino com sede em Arraial do Tijuco. Os portugueses passaram a administrar a região com um rígido controle militar e a exploração deu-se pelo arrendamento para novos mineradores, que deveriam pagar uma fortuna para a Coroa portuguesa para ter o direito de explorar a mineração de diamantes.
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Companhias de Dragões Reais das Minas, que faziam a guarda de toda região mineradora.
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    Em 1739-1740, foi instituído uma nova forma de exploração dos diamantes, chamada de contrato, João Fernandes de Oliveira foi o primeiro contratador. O contratador podia admitir associados, formando companhias de exploração dos diamantes. Ele pagava a Coroa portuguesa um valor (imposto) fixo e explorava a área por tempo determinado.
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    O contratador era a autoridade máxima dentro de seus domínios ou área de exploração, muitos chegaram a ter em torno de 600 escravos que trabalhavam nas minas de diamante.
Mineração de Diamantes, Brasil, obra de Carlos Julião.
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    Em 1771, o governo português chefiado pelo Marquês de Pombal decide assumir diretamente a exploração de diamantes, assim foi criada a Intendência dos Diamantes que era órgão da Coroa encarregado da exploração dos diamantes, acabando com os contratadores.
Turismo em Minas Gerais | Diamantina
Antiga Casa da Intendência em Diamantina/MG.
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    Os fiscais do governo português no Distrito Diamantino tinham plenos poderes sobre a população local, podiam confiscar bens e controlar a entrada e saída de pessoas, mesmo assim ainda ocorria contrabando.
Gravura da lavagem de diamantes em Curralinho, próximo a Diamantina, incluída no álbum dos naturalistas alemães Sipx e Martius.
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    O trabalho braçal na mineração de diamantes era executado por escravos africanos. Apesar da fiscalização dos feitores, alguns escravos conseguiam esconder e furtar diamantes, vendendo-os a contrabandistas, conseguindo comprar comida, roupas ou até guardar dinheiro para a compra a alforria em raros casos.
Revista de Escravos, obra de Carlos Julião.
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    Em viagem pelo Brasil, o naturalista francês Alcide D’Orbigny relatou a habilidade dos escravos em esconder as pedras que encontravam:

“Um intendente quis, certo dia, verificar pessoalmente até onde chegava aquela prática. Chamou um negro que gozava entre os companheiros, da fama de ser habilidoso, colocou, ele próprio, um pequeno diamante num monte de cascalho e areia e prometeu ao escravo a liberdade se, diante de seus olhos, conseguisse tirar o diamante sem ser percebido. O escravo começou a trabalhar, e o intendente não o perdia de vista.
- Então? Onde está a pedra? – perguntou o intendente no fim de alguns minutos.
¬¬- Se os brancos costumam cumprir suas promessas, estou livre – respondeu o escravo, tirando da boca a pedra e mostrando ao intendente”.
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    Calcula-se que entre os anos de 1730 até 1830 foram extraídos em torno de 160 Kg de diamantes na região de Minas Gerais. Mesmo assim sempre foi para Portugal uma complementação das rendas coloniais, já que as minas de ouro renderam muito mais durante o período.
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Diamante bruto.
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CHICA DA SILVA
    Francisca da Silva de Oliveira (Chica da Silva) era filha da negra Maria da Costa e do português Antônio Caetano de Sá.
Xica da Silva, capa do CD da telenovela, exibida na Rede Manchete em 1996-1997.
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    Já adulta, foi escrava de Manuel Pires Sardinha e com ele teve um filho, que foi libertado pelo pai quando foi batizado. 
SENAC Minas Gerais - DescubraMinas
Chica da Silva, obra de Marcial Ávila.
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     O primeiro filho de Chica da Silva, Simão Pires Sardinha que apesar de não ser reconhecido oficialmente, foi educado em escolas portuguesas e no testamento do seu pai foi nomeado como um dos herdeiros.
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Zezé Mota representando Xica da Silva no filme de 1976.
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     Em 1753, Chica da Silva foi comprada e alforriada pelo contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira.  
Lavagem de diamantes, obra de Carlos Julião.
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    Francisca e João viveram um relacionamento estável que resultou em 13 filhos, todos foram reconhecidos e legitimados pelo contratador. Mas ele e Chica da Silva não se casaram oficialmente, uma prática comum nesses casos, naquela época.
Xica da Silva, filme brasileiro de 1976.
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    Chica adotou costumes de grupos da elite de Minas Gerais, aprendeu a ler e escrever, sendo proprietária de uma casa, escravos e uma capela. 
Chica da Silva: entre o mito e a realidade - Toda Matéria
Casarão onde Chica viveu, em Diamantina.
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    João Fernandes de Oliveira teve que retornar a Portugal em 1770, mas manteve contato com a família e deu suporte aos seus filhos, inclusive concedeu dotes de casamento a suas filhas que casaram com membros da elite colonial. João Fernandes faleceu em Portugal no ano de 1776.
Recibo de 1769, passado a João Fernandes Oliveira, o co
Recibo de 1769, passado a João Fernandes Oliveira, o contratador de diamantes no valor de 50 contos de réis.
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    Chica da Silva faleceu em 1796 e recebeu cortejo fúnebre como pessoa de importância.
África Brasil: 4 descobertas disco clássico de Jorge Ben Jor
Capa do álbum África Brasil de Jorge Ben (Jorge Ben Jor) em 1976 lançado em LP, onde temos a música “Xica da Silva”.
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    Mas foi apenas no século XIX que a história de Chica da Silva ficou conhecida por meio do livro Memórias do Distrito Diamantino, lançado em 1868 por Joaquim Felício dos Santos.
Capa do livro de Joaquim Felício dos Santos, edição de 1976.
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Vista atual de Diamantina/MG.
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Igreja de São Francisco de Assis, construída de 1766 até 1830, localizada no centro histórico de Diamantina/MG.
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