Brasil Colonial (1789-1801): revoltas emancipatórias

  • Inconfidência ou Conjuração
  • Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (1789)
  • Conjuração Carioca (1794)
  • Conjuração Baiana (1798)
  • Conspiração dos Suassunas (1801)

INCONFIDÊNCIA OU CONJURAÇÃO   
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01
INCONFIDÊNCIA MINEIRA OU CONJURAÇÃO MINEIRA (1789)
    A região mineradora já estava em decadência e muitos membros da sociedade mineradora estavam descontentes com o controle rígido da Coroa portuguesa. Em 1788, tomou posse o novo governador português de Minas Gerais, Luís António Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, o Visconde de Barbacena tendo objetivo a cobrança de impostos atrasados de uma vez só, ou seja, a decretação de uma derrama.
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Barra de ouro quintado.
02
    Nesse momento a situação em Minas Gerais era tensa, já que muitos mineradores ou contratadores deviam uma grande soma de impostos para a Real Fazenda e os responsáveis pela fiscalização pouco tinham feito até então, mas com a chegada do novo governador, as coisas podiam mudar.
Alferes Joaquim José da Silva Xavier, obra de José Wasth Rodrigues.
03
    Acontecimentos do século XVIII como a expansão dos ideais Iluministas e a Independência dos EUA, levaram a vários homens, muitos formados na Universidade de Coimbra, a formar grupos para debater a situação do Brasil Colônia. Se destacou o grupo de Vila Rica (atual Ouro Preto) composto por intelectuais, grandes comerciantes, mineradores, membros da administração e do clero.
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Estrada Real que ligava Ouro Preto ao Rio de Janeiro.
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    Os principais membros do grupo de Vila Rica foram:
  • Cláudio Manuel da Costa: secretário do governo de Minas, minerador, advogado e poeta.
  • Tomás Antônio Gonzaga: ouvidor da capitania e poeta.
  • Luís Vieira da Silva: sacerdote católico, cônego do Cabido da Catedral de Mariana, professor de Filosofia no Seminário de Mariana.
Claudio Manuel da Costa.
05
  • Inácio Alvarenga Peixoto: advogado e poeta, mas largou tudo para ser latifundiário e minerador em Minas.
  • Carlos Correia de Toledo e Melo: padre católico e pároco de São José Del-Rei.
  • José da Silva e Oliveira Rolim: padre católico, ordenado aos 32 anos.
  • Manuel Rodrigues da Costa, sacerdote católico.
  • Joaquim Silvério dos Reis: coronel, latifundiário e minerador.
  • Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes: alferes da Guarda colonial portuguesa e também foi dentista prático.
  • Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente coronel dos Dragões do Regimento de Minas Gerais.
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    Os integrantes do grupo debateram alguns planos que incluía:
  • A independência de Minas Gerais e proclamação de uma República, com capital de São João del Rei. Até foi elaborada uma bandeira com o lema em latim “Libertas quae sera tamem” (Liberdade ainda que tardia).
  • Seriam criadas uma universidade, uma casa da moeda e uma fábrica de pólvora. Os membros da conjuração também queriam desenvolver indústrias/manufaturas no novo país.
Bandeira da Inconfidência Mineira de 1789
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    Nenhuma intenção foi escrita, para não configurar prova de traição e todos deveriam negar a existência desses planos, caso fossem presos. Em relação a participação popular ficou em segundo plano e a questão da escravidão não havia consenso entre os membros do movimento da necessidade da abolição da escravidão.
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A Mais Importante das Reuniões dos Conjurados, obra de Pedro Américo.
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    Mas o movimento se desencadearia quando começasse a derrama, contudo os inconfidentes foram denunciados pelo coronel Joaquim Silvério dos Reis ao governador de Minas Gerais, o Visconde de Barbacena. Informado sobre a trama dos Inconfidentes, o governador português suspendeu a derrama e organizou rapidamente as tropas para prender os envolvidos.
(foto: Quinho)
Joaquim Silvério dos Reis, o delator do movimento. Imagem do jornal Estado de Minas.
09
    O objetivo de Silvério dos Reis foi conseguir o perdão para suas dívidas junto a Fazenda Real, o que ele obteve e ainda ganhou um cargo no Rio de Janeiro, contudo ele sofreu atentados durante o resto da vida. O restante dos inconfidentes, foram presos e os processos correram até por volta de 1791.
Jornada dos Mártires, obra de Antônio Parreiras.
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   No final, a penalidade foi duríssima, os 11 réus foram condenados à morte pela forca e outros 7 réus ao desterro (exílio) na África. Mas no ano seguinte, a rainha D. Maria I modificou as penas e 17 réus passaram a ter como pena o degredo perpétuo, mas apenas Tiradentes teve sua pena de morte mantida. Isso deveu-se a ele divulgar abertamente suas ideais, mantendo-se fiel as suas crenças, apesar de não ser o principal líder do movimento.
Retrato de Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes, obra de Oscar Pereira da Silva.
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    No dia 21 de abril de 1792, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi executado na forca na cidade do Rio de Janeiro e depois ele foi esquartejado, a cabeça foi exposta em Vila Rica e as demais partes foram fixadas no caminho do Rio de Janeiro até Vila Rica.
Tiradentes esquartejado, obra de Pedro Américo.
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CONJURAÇÃO CARIOCA (1794)
    Foi um movimento que ocorreu no Rio de Janeiro, mas ficou basicamente no campo das ideias, já que os membros se reuniam em torno da Sociedade Literária do Rio de Janeiro fundada em 1786. Os intelectuais discutiam assuntos filosóficos e políticos, baseados nos ideais iluministas da Revolução Francesa.
Imagem representativa do artigo
Revista Militar do Largo do Paço, obra de Leandro Joaquim.
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    O vice-rei português do Brasil, José Luís de Castro, Conde de Resende, com medo dos ideais políticos e filosóficos desses intelectuais, extinguiu a Sociedade Literária em 1794. Vários de seus membros da sociedade foram presos acusados pelo crime de conjuração, com destaque para Manuel Inácio de Souza Alvarenga (professor e poeta), mas sem provas todos foram liberados.
Conde de Resende, vice-rei do Brasil de 1790 até 1801. 
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CONJURAÇÃO BAIANA (1798)
    Em 1798, foi a vez de Salvador na Bahia sediar outro movimento com ideais separatistas, a Conjuração Baiana que também é conhecida como Conjuração ou Revolução dos Alfaiates e até de Revolta de Búzios, já que o movimento teve pouca adesão entre membros da elite, mas a maioria eram pessoas pobres letradas, padres, pequenos comerciantes, escravos e ex-escravos. O movimento chegou a elaborar uma bandeira
Bandeira da Revolta dos Alfaiates (Conjuração Baiana).
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    Os motivos principais eram: o abandono da região da Bahia após a mudança da capital para o Rio de Janeiro, falta de abastecimento e o elevado preço das mercadorias. A revolta teve grande influência de ideias Iluministas, que ganharam força com a Revolução Francesa, da independência dos Estados Unidos e do Haiti. Membros da loja maçônica Cavaleiros da Luz sediada em Salvador também debatiam o tema sobre a independência.
  Esquadro, compasso e letra G (Geometria) da simbologia Maçónica.
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    As principais lideranças foram Cipriano Barata médico dos pobres, o padre Agostinho Gomes, os alfaiates Manuel Faustino, João de Deus e os soldados Luís Gonzaga e Lucas Dantas. Assim em 12 de agosto de 1798 foram colados panfletos em diversos locais proclamando a República Bahiense, abolição da escravatura, diminuição de impostos, abertura dos portos, fim do preconceito racial e aumento salarial.
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Cipriano Barata
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     O movimento assustou a elite baiana e o governo português na Bahia reprimiu de forma violenta o conflito, acrescido a isso o ferreiro José da Veiga delatou os integrantes da conjuração. No fim em torno de 50 pessoas foram presas, mas em 1799 apenas lideranças populares foram condenadas à morte pela forca: Lucas Dantas, Luiz Gonzaga, Manuel Faustino dos Santos e João de Deus.
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CONSPIRAÇÃO DOS SUASSUNAS (1801)
    Novamente sob as ideias Iluministas e da Revolução Francesa, foi formado em Olinda/PE, o Areópago de Itambé uma loja maçônica onde os debates evoluíram para uma conjuração contra o domínio português no Brasil. A ideia era a independência e a formação de uma república em Pernambuco, sob tutela de Napoleão Bonaparte.
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Selo dos Correios homenageando o Aerópago de Itambé e o fundador Manuel Arruda Câmera de 1796.
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     Integravam o grupo os irmãos Cavalcanti – Luís Francisco de Paula, José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque. Um membro do grupo delatou o movimento em 1801, resultando na prisão dos envolvidos e o Areópago foi extinto. Mas no final, pela falta de provas todos foram liberados. A chama revolucionária voltaria com a Revolução Pernambucana em 1817 (estudaremos mais adiante).
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Brasil Colonial (1763-1792): crise do Ciclo do Ouro

  • Crise na região mineradora
  • Marquês de Pombal e as reformas para o Brasil (1756-1776)
  • Viradeira (1777-1792) 

CRISE NA REGIÃO MINERADORA   
    Desde os anos 1750, várias autoridades portuguesas no Brasil relatavam aos seus superiores que a produção de ouro no Brasil estava diminuindo, o que mostrava-se preocupante para a economia portuguesa dependente dos lucros obtidos em suas colônias, especialmente o Brasil.
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Gráfico da evolução e queda da produção de ouro no Brasil Colonial.
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    Também existia naquele período um comércio contrabandista de ouro, vários mineradores buscavam obter mais lucro, não precisando pagar impostos sobre o que produziam. É na região de Minas Gerais que surge a expressão “santo de pau oco” que na verdade existia para esconder no interior de tais esculturas, diamantes e ouro que eram contrabandeados.
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Os vários “santos de pau oco” demostram um conflito entre fé e cobiça.
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    O governo português estabeleceu em 1751 a cobrança de impostos pelo Sistema de Finta, que previa o pagamento de toda região mineradora de 100 arrobas anuais de ouro (1.500 kg). Essa quantidade deveria ser o mínimo arrecadado por meio do Quinto no ano, caso não chegasse a essa quantidade, poderia ser cobrado o imposto de forma cumulativa no próximo ano.
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    Devido ao contrabando e a diminuição da produção de ouro em Minas Gerais, levou aos mineradores não pagarem a quantia exigida. Em 1763, a Coroa portuguesa decretou a Derrama, cobrança de todos impostos atrasados a serem pagos por todos os residentes dentro da região mineradora.
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    Sob comando do governador português das Minas Gerais, Luís Diogo Lobo da Silva realizou-se a derrama, que na verdade podia confiscar bens e objetos de valor dos residentes da região mineradora. Essa prática de cobrança visava atingir a meta estipulada pela Coroa, tal método foi muito mal visto pela população
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Crítica a cobrança abusiva de impostos.
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MARQUÊS DE POMBAL E AS REFORMAS PARA O BRASIL (1756-1777)
    Em 1750 foi coroado um novo rei português D. José I, ele assumiu o governo português com dívidas, oriundas de grandes obras públicas e palácios feitos por seu antecessor.
 D. José I, rei português de 1750 até 1777. Obra de Miguel António do Amaral.
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    Nesse contexto o rei viu as rendas de ouro vindas do Brasil declinarem, para piorar ainda mais ocorreu um terremoto em Lisboa no ano de 1755, que juntamente com os inúmeros incêndios levou a destruição de 2/3 da capital lusitana.
 Alegoria ao terremoto de 1755, obra do pintor português João Glama Ströberle.
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    Para buscar resolver a situação, o rei português nomeou como secretário de Estado, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. O marquês comandou a reconstrução de Lisboa e realizou reformas administrativas que atingiram o Brasil Colonial, ele ficou no cargo até a morte do rei D. José I em 1777.
Marquês de Pombal.
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    O objetivo do Marquês de Pombal era fortalecer as finanças reais e incentivar o comércio. As principais mudanças para o Brasil foram:
  • Criação de companhias de comércio com monopólio em uma região ou produto. Surgiram a Companhia Geral de Comércio do Estado do Grã-Pará e do Maranhão (1755-1778) e a Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba (1759-1780). Essas empresas controlavam a venda e a compra de produtos na região, tendo o controle dos preços.
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  • Extinguiu definitivamente as capitanias hereditárias que estavam em mãos de particulares e transformou todas em capitanias reais. Foi em 1673, durante seu governo que ocorreu a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro.
São Sebastião do Rio de Janeiro, obra de François Froger (1695).
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  • Promulgou o Diretório dos Índios que passava a jurisdição dos aldeamentos indígenas que estavam sob controle de ordem religiosas, para funcionários reais (diretores). Os índios passaram a ser “súditos livres da Coroa”.
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Diretório dos Índios publicada em 1757.
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  • Foi decretada a expulsão da Companhia de Jesus do império português, Pombal acreditava que os jesuítas tinham um poder exagerado e sujeitavam-se pouco a Coroa portuguesa. Os bens dos jesuítas foram confiscados.
Capa do livro Juízo da Verdadeira Causa do Terramoto (1756), obra do jesuíta Gabriel Malagrida, Livro sobre moral e que a catástrofe como sendo um castigo divino.
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  • Foi proibido no Brasil o ensino da língua geral (línguas de base indígena praticadas amplamente em território brasileiro), tornando obrigatório o aprendizado da língua portuguesa.
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Museu da Língua Portuguesa localizado no histórico edifício Estação da Luz, no Rio de Janeiro.

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    Considerado um déspota esclarecido, Marquês de Pombal era adepto das ideias Iluministas e conduziu várias reformas em Portugal buscando secularizar a sociedade portuguesa, removendo a forte influência do poder eclesiástico e da religião nos negócios do Estado. Muitas vezes, as reformas pombalinas causaram vários descontentamentos e foram implementadas com determinação e violência contra a oposição. O rei D. José I chegou a sofrer um atentado, mas sobreviveu e os envolvidos foram executados.
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Execução durante o Processo dos Távoras.
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   Um exemplo foi a reforma do ensino, já que vários colégios no Brasil Colonial foram fundados por jesuítas e passaram a ser administrados de forma secular. Até mesmo a Universidade de Coimbra que servia como o maior centro universitário de Portugal sofreu alterações em seu currículo visando priorizar as Ciências Naturais, a Filosofia e a Matemática.
Universidade de Coimbra, fundada em 1290, uma das mais antigas da Europa, e onde vários membros da elite colonial brasileira estudavam.
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VIRADEIRA (1777-1792)
    Em 1777, com a morte do rei D. José I, assume o trono português sua filha, a rainha D. Maria I, que demite Marquês de Pombal. A expectativa dos portugueses com a nova rainha, é que virasse ao avesso a política de Pombal, por isso sua política ficou conhecida como Viradeira.
D. Maria I, rainha portuguesa de 1777 até 1816, obra de Giuseppe Troni.
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    O novo governo português liberou cerca de 800 pessoas que estavam presas por motivos políticos e possibilitou o retorno de outros exilados.
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    Aos poucos, as companhias de comércio criadas para o Brasil foram extintas e favoreceu a participação de cada vez mais comerciantes independentes. Enquanto isso, em 1785 foi proibido na colônia brasileira a atividade de ourives e a instalação de manufaturas, apenas tiveram a exceção os tecidos grosseiros de algodão destinados aos mais pobres ou escravos.
Par de Brincos e Alfinetes de peito.
Brincos e pendentes da ourivesaria portuguesa do século XVIII. Museu Nacional de Soares dos Res, cidade do Porto.
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    A rainha D. Maria I ainda teve que enfrentar as revoltas emancipacionistas no Brasil, como a Inconfidência Mineira em 1789 (estudaremos na próxima aula), que foi severamente reprimida.
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Escultura de Tiradentes, na Praça Tiradentes em Ouro Preto.
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    Mas a rainha ficou seriamente abalada pela morte de seu marido, o rei consorte D. Pedro III em 1786 e seu primeiro filho D. José que faleceu aos 27 anos. Em 1792 a rainha foi declarada incapacitada e apesar de manter-se no cargo, o governo de Portugal passou a ser exercido de fato, por seu outro filho D. João, Duque de Bragança, elevado a príncipe regente (depois rei D. João VI).
D. João, Príncipe Regente de Portugal, obra de Domingos Sequeira.
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República Populista: crise institucional e o governo João Goulart

 

  • Crise institucional em 1961
  • Governo João Goulart sob o sistema parlamentarista (1961-1963)
  • Governo João Goulart (1963-1964): com plenos poderes

CRISE INSTITUCIONAL EM 1961    
    O Congresso Nacional aceitou rapidamente a renúncia de Jânio Quadros, assumiu como presidente interino do Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli (PSD/SP) até o desenrolar da crise.
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Presidente provisório Ranieri Mazzilli.
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    O vice-presidente João Goulart, mais conhecido como Jango estava no momento da renúncia de Jânio, em visita oficial a República Popular da China (comunista), esse movimento fazia parte da nova política externa do governo, a chamada PEI – Política Externa Independente.
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João Goulart foi recebido por Zhou Enlai que era o premier (primeiro-ministro) do Conselho de Estado da República Popular da China.
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    Vários militares e políticos são contrários a posse de João Goulart, como o ministro da Guerra Odílio Denys (1960-1961) e os udenistas liderados pelo governador da Guanabara Carlos Lacerda. Os empresários nacionais e estrangeiros com investimentos no Brasil em sua maioria tinham medo de reformas propostas por Jango.
Uma missiva contra o peronismo tupiniquim - Carlos Lacerda, Tribuna da  Imprensa e a carta Brandi (1955).
Capa do jornal udenista Tribuna da Imprensa de 1955, já criticava duramente Goulart.
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     Contudo também era forte o movimento pela posse de Goulart, como movimentos sindicalistas, o PTB, e a maioria do Congresso Nacional que era legalista, buscando respeitar a Constituição. Diante da situação o governador gaúcho Leonel Brizola (PTB) iniciou a Campanha da Legalidade com objetivo de defender a posse de João Goulart.
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Leonel Brizola, prefeito de Porto Alegre (1956-1958) e governador gaúcho (1959-1963).

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Leonel Brizola nos anos 1990.
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    A Campanha da Legalidade formada no Rio Grande do Sul ganhou apoio das milícias populares, Brigada Militar e do III Exército sediando no estado sob comando do general Machado Lopes. A sede do governo gaúcho, o Palácio Piratini esteve sob ameaça de bombardeio da Força Aérea. 
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Metralhadoras no topo do Palácio Piratini durante a crise.
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    A Rádio Guaíba foi requisitada para transmitir os discursos de Leonel Brizola, sendo conhecida como Rádio da Legalidade e foi retransmitida em outros estados que passaram a apoiar o movimento, como no estado de Goiás.
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Brizola em discurso pela Rádio da Legalidade.
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    A saída para crise foi a negociação política, sendo aprovado no Congresso Nacional, a Emenda nº 4 que instituía o sistema parlamentarista no Brasil, assim no dia 07 de setembro de 1961 tomava posse como presidente João Goulart, com os poderes limitados (chefe de Estado), a chefia do governo passaria para as mãos do primeiro-ministro indicado pelo Congresso.
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Presidente interino Ranieri Mazzilli, passa a faixa presidencial a João Goulart.
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GOVERNO JOÃO GOULART SOB O SISTEMA PARLAMENTARISTA (1961-1963)
    João Goulart, gaúcho era um herdeiro político direto do varguismo, no ministério do Trabalho ganhou grande destaque, mas também uma forte oposição. Foi eleito duas vezes vice-presidente, a primeira em 1955 e a segunda em 1960, era próximo a política trabalhista de Vargas, criticado pela oposição, sendo associado ao socialismo e ao comunismo.
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Presidente João Goulart, o Jango
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    Como Goulart ficou no cargo somente como chefe de Estado, coube ao primeiro-ministro a chefia do Governo, assim tomou posse para o cargo Tancredo Neves (PSD/MG) apoiado por uma coalizão de multipartidária (PSD, PTB, UDN, PDC e PSP).
Há 55 anos, Senado ajudou a derrubar parlamentarismo — Senado Notícias
Presidente Goulart e a direita o primeiro-ministro Tancredo Neves.
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    Apesar de diversas críticas ao sistema parlamentarista, foi aprovado nesse momento a criação da Eletrobras - Centrais Elétricas Brasileiras em 1962, uma empresa estatal que ficou responsável por promover estudos, projetos para construção, operação de centrais geradoras e linhas de transmissão de energia elétrica.
Atual logotipo da Eletrobras.

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     A oposição ao sistema parlamentar se organizou e com a saída de Tancredo Neves, tomando posse como o primeiro-ministro Francisco de Paula Brochado da Rocha (PSD/RS) de julho à novembro de 1962 e Hermes Lima (PTB/BA) de novembro de 1962 até janeiro de 1963. O objetivo era antecipar o plebiscito sobre o sistema de governo planejado para o ano de 1965, mas sob pressão foi antecipado para 1963.
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Propaganda pelo fim do Parlamentarismo no Brasil.
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    Em janeiro de 1963 ocorreu o Plebiscito sobre o parlamentarismo, a maioria dos grupos políticos apoiou a volta ao presidencialismo. O resultado da votação seguiu as estimativas, presidencialismo recebeu 85% dos votos contra o parlamentarismo que recebeu 15%, assim João Goulart passava a ser presidente do Brasil com plenos poderes.
Sobre a adoção do Parlamentarismo no Brasil - Substantivo Plural
Capa do jornal Última Hora.
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GOVERNO JOÃO GOULART (1963-1964): COM PLENOS PODERES
    Nas eleições parlamentares de 1962, o PTB, partido do presidente Jango passou a ser a segunda maior força política na Câmara dos Deputados, assim João Goulart lançou novos planos econômicos e sociais.
10 lançamentos para enriquecer o cérebro e a biblioteca
João Goulart e a primeira-dama Maria Thereza.
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    Enquanto ocorria uma disputa política, a economia brasileira sofria com a alta inflacionária chegado a 81% ao ano em 1963. Assim o governo Goulart lançou o Plano Trienal idealizado pelo ministro do Planejamento Celso Furtado, com objetivo de conter a inflação, melhorar a distribuição de renda, reduzir a dívida externa, encampar refinarias de petróleo particulares e crescimento econômico sem sacrificar apenas o trabalhador, mas o plano não obteve apoio e não conseguiu prosperar.
Intérpretes do Brasil
Economista Celso Furtado
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     É aprovada no Congresso Nacional, a Lei de Remessa de Lucros (1962) que procurou controlar o capital estrangeiro, limitando o envio dos lucros obtidos no Brasil ao exterior. No plano político estoura a Revolta dos Sargentos (1963) devido a proibição de militares de baixa patente concorrer a cargos no legislativo, a revolta foi rapidamente controlada. 

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Tropas legalistas durante a Revolta dos Sargentos.
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     Em 1962-1964 a base de apoio do governo de Goulart consistia em uma frágil maioria no Congresso (PTB-PSD), a recém criada CGT – Comando Geral dos Trabalhadores a primeira grande central sindical brasileira, a UNE – União Nacional dos Estudantes e as Ligas Camponesas um movimento rural forte no nordeste que defendia a reforma agrária liderado pelo deputado Francisco Julião (PSB/PE), que gerou pânico entre os latifundiários.
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Ligas Camponesas
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    A oposição formal ao governo era formada no Congresso pela UDN e parcela do PSD, setores das Forças Armadas e organizações como o IBAD - Instituto Brasileiro de Ação Democrática que era anticomunista financiando propagandas e candidatos de oposição ao governo Goulart e o IPES - Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais fundado em 1961 por empresários de São Paulo e Rio de Janeiro.
Tropa de elite do neoliberalismo (2): a direita transnacional, ontem e hoje  | Capitalismo em desencanto
Jornal Última Hora noticiando que o IBAD é financiado por dinheiro estrangeiro.
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    Apesar da tensão João Goulart avança ainda mais propondo as Reformas de Base, anunciadas no Comício da Central do Brasil onde reuniram-se 300 mil pessoas na cidade do Rio de Janeiro/RJ no dia 13/03/1964. Propôs a reforma agrária, reforma urbana, reforma educacional, reforma eleitoral (voto aos analfabetos) e uma reforma tributária.
EBC | Jango fez último discurso como presidente há 52 anos
Jango em discurso na Central do Brasil.

Comício das Reformas de João Goulart é realizado no dia | Radioagência
Entre os vários cartazes alguns pedindo a legalidade do PCB.
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    Depois do comício de Goulart na Central do Brasil (dia 13/03), a oposição se organizou e no dia 19/03/1964 quando ocorreram manifestações contra o governo, a chamada Marcha da Família com Deus pela Liberdade que reuniu quinhentas mil pessoas em São Paulo/SP.
Opera Mundi: Golpe de 64: 'Marcha da Família com Deus pela Liberdade'  completa 50 anos; saiba quem a financiou e dirigiu
Manifestantes durante a marcha em abril de 1964.
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    Depois de um mês de manifestações e radicalidade intensa dos dois grupos, é deflagrado o Golpe Civil-Militar na noite do dia 31 de março de 1964 e ao amanhecer do dia 01 de abril tropas estavam tomando posições na cidade do Rio de Janeiro e em Brasília/DF.
Memorial da Democracia - O golpe militar
Tropas militares durante o Golpe Militar em Brasília.
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