Grécia Antiga: deuses, jogos olímpicos e conflitos

  • Deuses do Olimpo
  • Jogos Olímpicos da Grécia Antiga
  • Esparta: a pólis guerreira
  • Guerras e o fim do mundo grego

    Nessa segunda parte, além dos deuses e os Jogos Olímpicos realizados na Grécia Antiga vamos ver como as cidades-Estados independentes acabaram por se enfraquecer e sucumbiram frente ao exército macedônico, contudo a cultura helenística permaneceu chegando até a atualidade.
Ναός Αθηνάς Νίκης - More Greece
Ruinas do Templo de Atena Nike na Acrópole de Atenas.
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DEUSES DO OLIMPO
    Os deuses gregos segundo a mitologia viviam no monte Olimpo, a maior montanha da Grécia e estavam sempre em banquetes, bebendo néctar e discutindo os problemas do Céu e da Terra, o principal deus era Zeus, o deus supremo para os gregos e guardião da ordem, dos juramentos, senhor dos raios e dos fenômenos atmosféricos.
Ficheiro:Jupiter Smyrna Louvre Ma13.jpg
Zeus encontrado na cidade grega de Smyrne na Anatólia e restaurado no século XVII.
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    Como eram politeístas, os helenos tinham uma gama grande de deuses além de Zeus:
  • Atena: deusa da sabedoria, das artes e da guerra.
  • Afrodite: deusa da beleza e do amor.
Ficheiro:Athena Varvakeion - MANA - Fidias.jpg
Atena, cópia muito reduzida da Atena Parteno de Fídias, século III a.C. Museu Arqueológico Nacional de Atenas.
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  • Poseidon: deus do mar, era irmão de Zeus.
  • Hades: deus da vida após a morte, do mundo subterrâneo, era irmão de Zeus.
  • Apolo: deus do Sol, da cura, da adivinhação, da música, era filho de Zeus.
  • Dionísio: deus da videira e do vinho.
  • Hera: rainha dos deuses, irmã e esposa de Zeus.
  • Deméter: deusa da agricultura, da natureza e das estações do ano.
  • Hefesto: deus do fogo e da metalurgia.
  • Hermes: mensageiro dos deuses e deus do comércio.
File:Poseidon sculpture Copenhagen 2005.jpg
Poseidon e seu Tridente, escultura no porto de Copenhagen na Dinamarca.
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  JOGOS OLÍMPICOS DA GRÉCIA ANTIGA 
    Os Jogos Olímpicos passaram a ser realizados em honra aos deuses do Olimpo, eles ocorriam na cidade de Olímpia, nas proximidades ao templo de Zeus, o registro material mais antigo de um Jogo Olímpico realizado, data do ano de 776 a.C. 
Temple of Zeus at Olympia | The Olympieum, or Temple of Olym… | Flickr
Representação gráfica do Templo de Zeus em Olímpia construído em V a.C.
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    Durante os Jogos Olímpicos, as disputas e guerras entre as cidades gregas cessavam, os gregos (helenos) viam as Olímpiadas com sentido religioso e cívico. A principal prova era o pentatlo (lançamento de disco, lançamento de dardo, salto em distância, corrida de 200 metros e a luta grega).
Ficheiro:SFEC BritMus Roman 021-2.jpg
Réplica em mármore do Discóbolo, escultura original do grego Míron representando o lançador de disco, momentos antes do lançamento.
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  ESPARTA: A PÓLIS GUERREIRA  
    Algumas cidades-Estados rivalizavam contra o poderio de Atenas, a principal foi Esparta localizada na Península do Peloponeso, era uma cidade com um governo oligárquico e militarista. O objetivo era que seus cidadãos se tornassem soldados bem treinados e obedientes as leis e a autoridade.
Esparta: 12 fatos sobre a vida e a sociedade espartana - HiperCultura
Mapa com a localização de Esparta e Atenas.
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    As três principais classes sociais eram: os esparciatas que eram os cidadãos espartanos, eles eram os proprietários das terras e dedicavam sua vida a cargos públicos ou ao exército. A segunda classe eram os periecos que eram homens livres e se dedicavam ao comércio, artesanato e alguns a agricultura e por fim os hilotas viviam presos a terra e eram duramente explorados pelos esparciatas, donos das terras.
Aulas On-Line de História
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    Esparta era governada por dois reis que tinham funções militares, religiosas e administrativas. Ainda existia a Gerúsia que era um conselho de anciãos formado pelos dois reis e mais 28 esparciatas com mais de 60 anos, esse órgão tinha grande poder de decisão. Como o poder ficava concentrado em um grupo, sem abertura para todos os cidadãos, essa forma de governo passou a ser denominada de oligarquia.
Oligarquia - Dicio, Dicionário Online de Português
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    Ainda existia uma assembleia popular que reunia todos os cidadãos (apenas esparciatas) maiores de 30 anos chamada de Ápela, que votava quem seriam os membros da Gerúsia e aprovava leis, mas o governo da cidade estava nas mãos do Conselho de Éforos que era formado por cinco éforos eleitos anualmente e colaboravam com os dois reis na chefia administrativa da cidade de Esparta.
Esparta e Atenas - Cola da Web
Organograma sobre a política e sociedade espartana.
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    Na área da educação os meninos espartanos eram orientados pelo Estado a partir dos 7 anos de idade, eles recebiam instruções na arte militar, nos desenvolvimentos de artes marciais e na disciplina.
Educação espartana na Grécia Antiga - Estudo Prático
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GUERRAS E O FIM DO MUNDO GREGO   
    O principal conflito no século V a.C. ocorreu entre gregos e persas, nas chamadas Guerras Médicas ou Guerras Greco-pérsicas, quando populações de colônias gregas na Anatólia com apoio de Atenas se revoltaram contra o Império Persa, mas em 494 a.C. os persas as derrotaram, contudo não conseguiram saquear Atenas.
Ficheiro:Greek-Persian duel.jpg
Um soldado persa (esquerda) lutando contra um hoplita grego (direita), mostrada numa cílice datada do século V a.C.
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     Uma nova tentativa persa de ataque, levou a Atenas e Esparta se juntarem para formar uma defesa unificada, que foi chamada de Liga de Delos. Nesse período ocorreu a Batalha de Termópilas em 480 a.C. sendo que um dos confrontos da batalha foi em um desfiladeiro, onde 300 espartanos e outros soldados gregos seguraram o grande exército persa. 
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Hoplitas espartanos
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    No final do conflito Atenas chegou a ser saqueada, mas a frota ateniense derrotou a esquadra persa na Batalha de Salamina, assim Atenas conseguiu retomar seu esplendor durante o governo de Péricles quando ele buscou alianças à várias outras cidades gregas fornecedoras de cereais.
World Defence News: Hellenic Navy launched ancient trireme Olympias back to  sea
Réplica atual de um navio trirreme grego antigo, chamado Olympia.
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    Não demorou muito para a cidade de Esparta se organizar e formar sua aliança política-militar, a Liga do Peloponeso que além de Esparta era composta pelas cidades de Corinto, Mégara e Tebas, que se opuseram ao domínio ateniense. 
Arquivo: Helmed Hoplite Sparta.JPG
Estatua de um hoplita, que acreditam ser do rei Leônidas I de Esparta.
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    A Guerra do Peloponeso durou de 431 a.C. até 404 a.C. e desgastou a economia grega, no final a pólis guerreira de Esparta e sua aliança venceu o conflito, derrotada Atenas e seu projeto democrático se enfraqueceram.
File:Peloponnesian war alliances 431 BC.png
Em verde liga liderada por Esparta em laranja liderada por Atenas.
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    Durante 30 anos Esparta influenciou a região, contudo iniciaram revoltas contra esse domínio, a cidade de Tebas que possuía um grande exército, passou a ser a grande rival de Esparta, reiniciando os conflitos entre as cidades.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/83/Antigua_grecia.svg/800px-Antigua_grecia.svg.png
Mapa do sul da antiga Grécia.
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    Aproveitando do enfraquecimento dos gregos, o rei da Macedônia Filipe II formou um poderoso exército e conquistou toda a Grécia Antiga de forma definitiva na Batalha de Queroneia no ano de 338 a.C.
Arquivo: Philip-ii-of-macedon.jpg
Rei Filipe II da Macedônia, busto na imagem é uma cópia romana do século I, do original grego.
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    Filipe II da Macedônia tinha grande admiração pela cultura dos gregos, e adotou o grego como língua oficial e fez do filósofo Aristóteles preceptor de seu filho Alexandre, o Grande que herdou e conquistou ainda mais domínios territoriais na Ásia, Oriente Médio e norte da África.
File:Aristotle and alexander the great.jpg - Wikimedia Commons
A direita Alexandre, o Grande recebendo ensinamentos de Aristóteles (a esquerda).

Alexandre, o Grande, estatua nos Museus Arqueológicos de Istambul. Ele foi imperador macedônico de 336 a.C. até 323 a.C.
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     Esse grande império e seus sucessores levaram a diante o conhecimento dos gregos, assim surgiu a cultura helenística, que foi a mescla entre a cultura grega clássica e as tradições orientais persas, egípcias e mesopotâmicas.
How powerful was the Macedonian Empire at its peak? - Quora
Extensão do Império Macedônico sob comando do imperador Alexandre, o Grande.
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Grécia Antiga: origens, política, sociedade e conhecimento

  • Localização
  • Primeiros povoadores
  • Nascimento da pólis
  • Atenas: rumo a democracia antiga
  • Expansão do conhecimento

LOCALIZAÇÃO    
    A área que ocupada pela antiga civilização grega não corresponde a Grécia atual, os gregos antigos não formaram um Estado unificado, mas várias cidades independentes localizadas principalmente na Grécia continental, na Ásia Menor, nas ilhas do Mar Egeu e no sul da Península Itálica. 
Grécia Antiga: sociedade, política, cultura e economia - Toda Matéria
Mapa a Grécia Antiga.
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PRIMEIROS POVOADORES
     Essas regiões foram ocupadas por quatro grupos étnicos (aqueus, jônicos, eólicos e dórios) por volta de 2.000 a.C. até 1.200 a.C. eles formaram sociedades diferentes, mas culturalmente sentiam-se ligados na chamada Hélade, por isso se chamavam de “helenos”.
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Até hoje os gregos chamam sua república como República Helênica, acima bandeira da Grécia Atual.
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   A origem da formação da Grécia Antiga mistura fatos reais com mitológicos, o mais conhecido é do Minotauro. Segundo o relato em um tempo bastante remoto, a ilha de Creta era governada pelo rei Minos que construiu um magnífico palácio em Cnossos, tendo em seu subsolo um labirinto para conter o Minotauro (monstro com cabeça de touro e corpo de homem).
File:Minotauros Myron NAMA 1664 n1.jpg
Busto do Minotauro, criatura mitológica no Museu Arqueológico Nacional de Atenas.
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    Quando o filho do rei Minos foi morto por atenienses, para vinga-lo ele mandou que anualmente fosse enviado sete homens e sete mulheres de Atenas para alimentar o Minotauro. Os atenienses se rebelaram, o herói Teseu entrou no labirinto e libertou os prisioneiros, matando o Minotauro.
MITO + GRAPHOS: Será que agora vai, Teseu? Será, Minotauro?
Teseu combatendo o Minotauro, obra de Jean-Étienne Rame em mármore (1826).
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    Os séculos XII a VIII a.C. temos o que foi chamado de Período Homérico, isso porque os relatos mais conhecidos sobre a sociedade grega está nos dois primeiros poemas épicos da literatura ocidental: a Ilíada e a Odisséia ambos escritos por Homero
Ficheiro:Homer British Museum.jpg
Homero, escultura do período helenístico.
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     Nesse momento temos a narrativa da Guerra de Tróia (no livro a Ilíada), um conflito que opôs gregos contra os troianos e durou dez anos buscando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau. Na guerra participaram vários heróis, entre eles Aquiles um guerreiro grego, no final a guerra culminou com a destruição da cidade de Tróia.
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Cavalo de Tróia.
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NASCIMENTO DA PÓLIS 
    Por volta 700 a.C. surgiram as cidades-Estados ou pólis, definida como uma comunidade política independente e com duas características comuns: a Ágora e e Acrópole.
Pólis grega: significado e as principais [resumo completo] | Pólis ...
Exemplo de uma cidade grega com base em Atenas.
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    A Ágora ou praça central era o espaço onde os cidadãos para discutir a vida política e decidir sobre as ações a serem tomadas e a Acrópole ou cidade alta era o conjunto arquitetônico situado em uma colina, nela eram construídos os templos e prédios mais importantes, o lugar também tinha uma função defensiva.
Principal ponto turistico de Atenas :: - Avaliações de viajantes ...
Acrópole de Atenas
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    Na Grécia Antiga eram considerados cidadãos, apenas homens livres participavam da vida política da pólis, sendo que apenas quem era oriundo de famílias atenienses é que podia fazer parte da democracia. A mão de obra escrava garantia o funcionamento da economia, apesar disso ocorriam crises econômicas, já que a maioria do solo grego era rochoso e prejudicava os rendimentos agrícolas.
Alimentação | História da Alimentação | Grécia Antiga | Fazer História
Oliveira e a produção de vinho era muito comum na região como também a produção de trigo e a pesca.
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    Nesse contexto, a aristocracia era proprietária das melhores terras saiu favorecida, ela podia emprestar ou arrentar seus lotes a lavradores, muitos não conseguiam saldar suas dívidas e se tornavam escravos.
Aristocracia - Dicio, Dicionário Online de Português
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    A falta de terras levou a colonização grega em outros territórios formando novas pólis, como no sul da atual Itália que foi chamada na época de Magna Grécia. Nesse momento o comércio também passa a ser um setor economicamente importante da Grécia Antiga. 
Grécia Antiga – Wikipédia, a enciclopédia livre
Em vermelho regiões ocupadas pelos gregos.
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  ATENAS: RUMO A DEMOCRACIA ANTIGA  
    Inicialmente Atenas era governada por reis, mudanças ocorreram a partir das leis criadas por Drácon por volta de 620 a.C. conhecido com código draconiano que dava poder de julgar os crimes graves ao conselho de anciãos (Areópago). Eram leis que consagram o poder paterno sobre a família e leis severas até com a pena de morte para pequenos furtos.
Areópago – Wikipédia, a enciclopédia livre
Areópago de Atenas – Colina de Ares.
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      Um dos grandes reformadores foi Sólon, eleito arconte (magistrado) em 594 a.C. com amplos poderes ele realizou reformas políticas e sociais como a proibição da escravidão por dívidas, anulou dívidas e criou quatro classes de cidadãos, baseados em critérios censitários. 
Sólon – Wikipédia, a enciclopédia livre
Busto de Sólon
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    Nesse momento também foi criado a Bulé, um conselho encarregado de preparar os trabalhos da assembleia dos cidadãos (Eclésia). A Bulé era composta pela aristocracia rural, onde eram representadas as tribos atenienses.
    Enquanto a Eclésia era uma assembleia popular, onde participavam todos os cidadãos atenienses do sexo masculino com mais de 21 anos e a partir das leis da época de Péricles, para ser cidadão também devia-se ter pai e mãe nascidos em Atenas. Nessa assembleia ocorriam as decisões a nível de política interna e externa, nomeação de magistrados, aprovação de leis e a fiscalização daqueles que detinham cargos.
Democracia Ateniense: como o poder foi tirado das mãos da minoria
Eclésia se reunindo na colina Pnyx em Atenas. 
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   Clistenes é considerado o “pai da democracia grega”, porque foi ele favoreceu a uma maior participação de pessoas na vida política grega, em Atenas convivia-se com a democracia direta devido a participação de todos os cidadãos na Eclésia e a democracia representativa com o favorecimento dos cidadãos mais ricos na Bulé
File:Cleisthenes.jpg
Busto moderno de Clístenes.
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    A democracia grega era também desigual, os metecos grupo social ligado ao artesanato e ao comércio que apesar de serem livres, não tinham direitos e não podiam ter propriedades, além disso as mulheres, jovens e escravos estavam de fora da cidadania ateniense.
O modelo ateniense a democracia
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    Por volta 480 a.C. ganhou espaço no governo da cidade de Atenas o cargo de estrategos, que eram eleitos pela assembleia do povo (Eclésia), estes eram responsáveis pela política interna, externa e militar. Quem violasse leis poderia sofrer a cassação dos seus direitos políticos e a expulsão da cidade por algum tempo, era o chamado ostracismo.
Ficheiro:AGMA Ostrakon Cimon.jpg
Óstraco era um fragmento de cerâmica utilizado para escrever o nome e votar em um cidadão que deveria ser condenado ao ostracismo (Óstarco de Cimon acima na imagem).
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   Em 451 a.C. foi eleito Péricles, ele se reelegeu pelo menos mais quinze vezes para a função de estratego (eleição anual), durante seu governo ele criou uma lei onde apenas atenienses que tinham pai e mãe nascidos em Atenas podiam ser considerados cidadãos, mas em caso de guerra os cidadãos e também os metecos eram considerados aptos a luta.
Ficheiro:Discurso funebre pericles.PNG
Uma pintura de Philipp Foltz, do século XIX, representando um discurso do estadista grego Péricles.

Péricles, estadista e estratego ateniense, no período que ficou conhecido como a Era de Ouro de Atenas.
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EXPANSÃO DO CONHECIMENTO    
    Atenas e seu esplendor democrático, levou a uma grande produção cultural, destacando-se no teatro com Ésquilo autor de Prometeu acorrentado e Os persas, Sófocles autor de Édipo rei e Antígona. Na História temos o conhecido “pai da história” Heródoto que viajou e escreveu sobre os povos que conheceu e Tucídides é autor da História da Guerra do Peloponeso.
File:Athen Akropolis (18512008726).jpg
Teatro de Dionísio em Atenas.
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    Na arquitetura, temos os arquitetos e construtores do Partenon (Ictinos, Calícrates e Fídias). O escultor Miron autor do Discóbulo e na filosofia os mais conhecidos são Sócrates, Platão e Aristóteles. Na medicina destacamos Hipócrates considerado “pai da medicina” e conhecido por escrever seu juramento com uma mensagem ética.
Partenon – Wikipédia, a enciclopédia livre
Partenon na Acrópole de Atenas.
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África do Sul: do apartheid até a democracia

 

  • Bôers e a autonomia da União Sul-Africana 
  • Instituição do apartheid 
  • Oposição e o fim do apartheid

BÔERES E A AUTONOMIA DA UNIÃO SUL-AFRICANA   
    Os holandeses chegaram na região no século XVII, e fundaram a Cidade do Cabo, sendo a capital da colônia holandesa, mas conflitos na Europa, levaram a uma guerra entre Holanda e Grã-Bretanha, como resultado foi que em 1806 os britânicos ocupam a região em 1806, mas a maioria dos colonos e descendentes de holandeses, chamados de bôers continuam a viver na África do Sul.  
Jan van Riebeeck chega a Table Bay em abril de 1652, ele fundou a Cidade do Cabo, pintado por Charles Davidson Bell.
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CONFLITOS QUE LEVARAM A QUEDA DA MONARQUIA
    Na segunda metade do século XIX, conflitos entre bôers e os britânicos, levam aos descendentes de colonos  holandeses proclamarem várias repúblicas bôers independentes, os britânicos contra-atacam o que leva a Primeira e a Segunda Guerra Bôer entre os anos de 1880 até 1902. No final, os britânicos derrotam os bôers e  dominam toda a região, formando quatro colônias: Colônia do Cabo, Natal, Rio Orange e Transvaal.
Milícia Bôer na Batalha Spion Kop (1900) durante a Segunda Guerra Bôer.
02
    Mas o sentimento pela autonomia continuou, em 1910 as quatro colônias foram unificadas, criando a União Sul-Africana, que ganhava autonomia com a Lei da África do Sul, o novo país passou a ser considerado um domínio britânico, tendo como chefe de Estado o rei britânico, mas a chefia do governo passou a ser exercido por um primeiro-ministro, o primeiro foi Louis Botha, um antigo líder bôer.
Louis Botha, primeiro-ministro sul-africano de 1910 até 1919.

Bandeira da África do Sul entre 1910 até 1912.
03
    A África do Sul passou a ter um parlamento (Câmara dos Deputados e Senado) exercendo com autonomia, mas podiam participar das eleições apenas a minoria branca, apenas os descendentes de holandeses (bôers) que tem como idioma o africânder e as pessoas de origem britânica. Essa minoria branca representava apenas 19% do total da população sul-africana (1960).
Uma placa comum em Joanesburgo, África do Sul, onde se lê 'Cuidado, cuidado com os nativos'.
Uma placa em Joanesburgo, África do Sul, onde lê-se "Cuidado, cuidado com os nativos".
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    Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1917), a África do Sul participou enviando soldados para conflitos na Europa, mas o destaque foi o ataque e conquista da colônia alemã chamada de Sudoeste Africano (atual Namíbia). Em 1915, a África do Sul passa a administrar o território, implementando suas leis segregacionistas na região. Somente em 1990 a Namíbia declara sua independência. 
Mapa da África Austral.
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   INSTITUIÇÃO DO APARTHEID
    O termo apartheid que significa em africânder separação, passou a ser utilizado pela primeira vez pelo primeiro-ministro Jan Smuts, a implementação e institucionalização do regime do apartheid ocorreu com a chegada ao poder do Partido Nacional em 1948, tendo como primeiro-ministro Daniel François Malan que aprovou várias leis que formaram a base do regime de segregação.
Daniel F. Malan, pastor e primeiro-ministro de 1948 até 1954. 

Bandeira da África do Sul de 1928 até 1994, com simbolismo dos colonizadores britânicos e holandeses.
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    A legislação sul-africana a partir de então classificava seus cidadão em brancos, negros, “de cor” (mestiços) e indianos. Assim, além da proibição de aquisição de propriedades, os negros, mestiços e indianos deveriam morar em áreas determinadas pelo governo, não podiam participar da política e casamentos ou relações sexuais entre pessoas de “raças” diferentes se tornava ilegal.

07
    Em 1953, uma lei determinava que espaços públicos podiam ser reservados para uma determinada “raça”, assim nas praças, praias, ônibus, escolas, hospitais, etc, puderam implementar regras de segregação da população nos seus espaços.
Placa de reserva de praia de Natal "para uso exclusivo de integrantes da raça branca", em inglês, africânder e zulu.
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     Nos anos 1950, também foram criadas escolas e universidades específicas para negros, mestiços e indianos, assim não era preciso manter a mesma formação e investimento para a educação nessas áreas, mais voltada a produzir mão de obra barata, sem necessidade de qualificação.
Uma família sul-africana se mudou de Soweto para a favela de Orange Farm, na África do Sul, em dezembro de 1989.
Uma família sul-africana na favela de Orange Farm, na África do Sul, em dezembro de 1989.
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    No governo de Balthazar Johannes Vorster entre 1966 até 1978, as leis raciais agravam-se restringindo as áreas ocupadas por negros, mestiços e indianos. Durante esse período foram criados dez bantustões, que eram territórios separados para os habitantes negros com um autogoverno e o objetivo é que essas regiões fossem “independentes” e o governo segregacionista sul-africano não teria responsabilidade sobre as políticas públicas nesses territórios.
Mapa da África do Sul e do seu domínio, o Sudoeste Africano.
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    O governo sul-africano sob o regime do apartheid também era um aliado fiel as potências Ocidentais, assim foi tornado ilegal os movimentos comunistas no país. Na política externa, além de ocupar do Sudoeste Africano, a África do Sul deu apoio material e treinamento para as guerrilhas anticomunistas na região, como a Renamo (Moçambique), a Unita (Angola) e o governo segregacionista na Rodésia.
Rhodesian Eland mk 7 armoured car during the Rhodesian bush war. : TankPorn
Soldados da Rodésia equipados com os veículos armados leves Eland Mk7, de fabricação sul-africana.
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 OPOSIÇÃO E O FIM DO APARTHEID  
    Em 1912, foi criada pelos negros sul-africanos o CNA – Congresso Nacional Africano na cidade de Bloemfontein, tendo como primeira liderança John Dube, inicialmente o movimento tinha como ideia principal a desobediência civil, realizando protestos sem violência para tentar forçar o fim do apartheid que estava em plena implementação.
John Langalibalele Dube Timeline 1940-1950 | South African History Online
John Dube um dos primeiros líderes do CNA – Congresso Nacional Africano.

Bandeira do CNA - Congresso Nacional Africano
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    Em 1952 foi lançada a Campanha de Desafio as leis injustas. No CNA ganha destaque Nelson Mandela, o objetivo do movimento era romper com as leis do apartheid, assim os negros e outros segmentos discriminados eram incentivados a ocuparem os espaços públicos reservados aos brancos e a queimar seus passes e documentos necessários para ter acesso a determinadas áreas. O movimento foi duramente reprimido, Mandela foi preso por um pequeno período.
Mandela queima um passe obrigatório, em 1960.
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    Nelson Mandela nasceu em uma pequena aldeia no interior da África do Sul, formou-se advogado e trabalhou pela causa dos negros e seus direitos. Em 1955, foi criada uma entidade suprapartidária de oposição ao regime segregacionista, a Aliança do Congresso composto por entidades muti-raciais: CNA – Congresso Nacional Africano, Congresso Indiano da África do Sul, Partido Comunista Sul-africano, entre outros.
uMandela netyala lokungcatsha Umbuso Lika1958
Mandela em discurso.
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    Em 1960 ocorreu um grande protesto contra a Lei do Passe em Sharpeville, Joanesburgo, participaram em torno de 20 mil pessoas, o resultado foi uma grande repressão do movimento, falecendo 69 pessoas, no que ficou conhecido como Massacre de Shaperville
O massacre de Sharpeville e o Dia Internacional contra a Discriminação  Racial – Fundação Cultural Palmares
Protestos em Shaperville. O dia de 21 de março de 1960, passou a ser considerado pela ONU, o Dia Internacional contra a Discriminação Racial.

    Em 1976 ocorreu também o Massacre de Soweto quando principalmente jovens negros protestavam pacificamente contra a falta de investimento nas escolas negras, mas a repressão foi violenta gerando o total de 95 pessoas mortas, dados oficiais. 
Antoinette Sithole e Mbuyisa Makhubo carregando Hector Pieterson, baleado e morto por policiais, durante um protesto em Soweto, bairro negro de Joanesburgo, África do Sul.
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     Em 1960, várias organizações como o CNA, passam a ser ilegais. A luta contra o aparthaid se radicaliza e Mandela realiza algumas viagens ao exterior, participando da fundação do Lança da Nação (Umkhonto we Sizwe – MK), um movimento que fomentou a luta armada contra o regime segregacionista, com a prática de sabotagem a alvos industriais, militares e civis.
Ataque realizado por uma célula do MK a um bar em Durban, o resultado foram 3 mortos e 69 feridos.
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    Em 1962, Mandela é preso em Joanesburgo e acusado de participar do movimento de luta armada e de viajar sem permissão ao exterior, em 1964 Nelson Mandela é condenado a prisão perpétua. Mandela foi libertado apenas em 1990 durante o processo de abertura e democratização da África do Sul.
Nelson Mandela: quem foi, onde nasceu, quando foi preso e outras dúvidas -  ECOA - UOL ECOA
Nelson Mandela passou 27 anos preso, foto tirada no ano em que ele foi libertado.
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    Nos anos 1980 o regime segregacionista sul-africano está em crise, recebe várias críticas internacionais e sansões econômicas. Em 1989, assume o último presidente branco da África do Sul, Frederik de Klerk (Partido Nacional), disposto a promover uma abertura política a todos os cidadãos, assim em 1990, o partido CNA é legalizado, presos políticos são libertados e ocorre o fim da luta armada.
SAHA - South African History Archive - Mandela's first year of freedom: his  words from 1990
Mandela sendo apoiado por uma multidão em Soweto, Joanesburgo (1990).
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   Em 1992 é realizado um referendo onde apenas os brancos votaram sobre o fim do apartheid e com 68% dos votos foi aprovado o fim do regime segregacionista. Nelson Mandela e o presidente De Klerk ganham o Prêmio Nobel da Paz naquele ano. 
Nelson Mandela: NELSON MANDELA
Mandela (esq.) e De Klerk (dir.) recebendo o Prêmio Nobel da Paz.
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    Em 1994 ocorrem as primeiras eleições democráticas e multirraciais para a Assembleia Nacional, o CNA – Congresso Nacional Africano é o grande vencedor com 62% dos votos, em segundo o Partido Nacional com 20%. Ainda, os congressistas elegeram Nelson Mandela (presidente), Frederik de Klerk (vice-presidente). Mandela foi presidente sul-africano de 1994 até 1999 mantendo um governo de reconciliação nacional. 
Nelson Mandela: revolucionário e estadista – Blog do Renato
Presidente sul-africano Nelson Mandela.

Bandeira sul-africana de 1994 até a atualidade.
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